quarta-feira, 30 de abril de 2014

As opções inadiáveis

Ou se tira aos pensionistas ou se carrega os contribuintes.
Um país no leito de Procusto.

Arqueoblog ( 3)

PIB  e torres de Tróia.

A rádio que mudou a rádio

A TSF convida sempre o Marques Lopes e o Adão e Slva  para comentar a actuação do governo.
É como convidar sempre o Paulinho Santos e o Quaresma para comentar os jogos do Benfica.
Ou seja, obrigam-me, literalmente, a mudar de frequência.

Como diria Montale

Fizeram o vosso melhor para piorar o país.

Depois do adeus

A polémica que se vai travando entre Raquel Varela e António Araújo aqui e aqui, depois de iniciada nas páginas do Ípsilon, parece uma reedição minimalista da tormenta de Verão que há, três anos, levantou uma onde críticas à História de Portugal de Rui Ramos. Também na altura se invocaram, de um lado, argumentos de autoridade e branqueamentos de Salazar, do outro, um olhar sobre o passado livre de messianismos. Não sou neutro no debate - não sei se alguém é -, mas sigo-o com alguma ironia. É sempre irónico ver como as vestais da liberdade e da ciência reagem mal ao "conflito das interpretações", para glosar Ricoeur. O 25 de Abril tarda em chegar à historiografia portuguesa porque ainda há quem se julgue proprietário exclusivo da história. Como outros, há não muito tempo, se julgavam senhores da terra ou das pessoas. A simples existência de polémicas (obrigado, Rui Ramos, obrigado, António Araújo) mostra que também as ditaduras do pensamento acabam. Depois do adeus.

terça-feira, 29 de abril de 2014

Há gente que não dá jeito nenhum ter na trincheira...


Interessante também é  saber o que eles disseram.

Vasco Graça Moura

A crónica de Paulo Rangel no Público de hoje é o epitáfio mais feliz de Vasco Graça Moura que li nos últimos dias. Rangel sublinha a obra de tradutor de Graça Moura, tal como aqui fez o Filipe, mas num sentido mais universal: "Traduzia o mundo da cultura, supostamente longínquo e erudito, para o universo social e mediático. A sua vocação de tradutor não se ralizou apenas na actividade fulgurante da versão de línguas; a sua vocação de tradutor revelou-se afinal muito mais profunda e muito mais vasta. Todo o seu exercício cultural, designadamente na sua dimensão pública, foi uma tensão permanente de tradução. de trazer à comunidade o gosto, a paixão e a inteligência do que se passava para lá da cortina da erudição." Não será um acaso que os mais atentos prefiram o tradutor ao criador. Como poeta, o reconhecimento de Vasco Graça Moura enfrentou dois obstáculos: o de ser uma estrela média na constelação que vai de Cesário a Herberto, e o de não se situar facilmente em tal constelação. Alguém o classificou como "neomaneirista" e, em certo sentido, ele está mais próximo de Camões ou Sá de Miranda do que de Pessoa - a quem chamava, de resto, "o poeta Aleixo da razão". Digo-o sem qualquer propósito iconoclasta, até porque acredito que a tradução é outra forma de criação, para repetir uma evidência. Quantos portugueses conheceriam hoje A Divina Comédia de Dante sem a versão de Vasco Graça Moura? Poucos, e eu não me contaria entre eles. Mas também era uma forma de tradução a sua poesia, cultíssima, imersa na grande tradição ocidental que ele conhecia em profundidade e nos dava a conhecer, como um mineiro arranca diamantes às entranhas da terra. A tradição é sempre uma tradução, um modo de trazer o passado ao presente. Vasco Graça Moura sabia isso melhor que ninguém.

Olarila

"Criminosos": o charme discreto da objectividade quando o regime não é neoliberal ( risos).

Arqueoblog ( 2)

2006: os governos são sempre de direita. 
Por isso o Bloco deitou este abaixo em 2011 e pôs um de esquerda.

Antena islâmica

1) A versão egípcia da portuguesa "se não és minha não és de mais ninguém".
2) Grande mulher.

segunda-feira, 28 de abril de 2014

Concordo

"Não é as relações pessoais, é o estado geral do país. O estado geral do país perturbou mentalmente muita gente. Perturbou o espírito de muita gente".

Em cena

Cadernos da mudança ( II): o grande trânsito das sombras


A expressão é de Victor Hugo, na sua narrativa da Revolução. A Convenção era um campo entrincheirado do do género humano. Sempre me fascinou o caso francês. Tão pouco tempo depois da revolução, impiedosa  com  a aristocracia,  já havia  um Imperador (com uma corte imperial)  que nomeava o irmão, príncipe de sangue,  para rei de Nápoles.
Esbocei aqui a originalidade deste terceiro resgate. Acrescento três "D": dureza, duração, desequilíbrio. Vamos ao agendado - "A perda de influência dos senadores político-mediáticos ( e a sua inscrição no regime)  e a raiva "aos novos" - porque se relaciona com os três "D".

1) Mudança e revolução:

Uma mudança social inscreve-se sempre   na anti-anomia. As mudanças apenas espectaculares resolvem muitas vezes o problema através do grande trânsito das sombras.
É pacífico hoje que as revoluções comunistas  feitas em nome da liberdade produziram cárceres e carrascos tão bons ou melhores do que os anteriores: censura, polícia política, repressão, delito de opinião, fuzilamentos. Na outra sombra do enunciado,  funcionaram: em regra, os descamisados passaram  a viver melhor... pelo menos durante algum tempo.
A mudança portuguesa dos dias de hoje herda o 25 de Abril e  a entrada na UE. Sobre os escombros da libertação ( resultante de um golpe militar e não de uma sublevação nacional) e dos dinheiros europeus, só agora estamos a mudar. E,  de novo, por procuração.
Os senadores político-mediáticos julgaram que, tal como nas duas  anteriores mudanças, lhes bastaria explicar às  pessoas o que aconteceu: os maus ( o capitalismo  neoliberal e os alemães)  estão a comer os bons ( nós).  Muitos persuasores permanentes ( voire Gramsci) desempenharam essa função depois de 74 e no cavaquismo. Primeiro marxizando o povo, depois demonstrando  a inevitabilidade do progresso e do betão ( muitos fizeram a manicure à velocidade da luz) . O problema é que agora a informação é menos filtrada e mais caótica. Há manipulação? Claro, mas muito menos do que no tempo de um só canal televisivo e sem internet. Há um problema de sobrevivência numa UE nórdica? Sim, mas a simplificação já não convence ninguém.


 2) A violência da interpretação: quem representa quer criar:

A raiva  dirigida aos alvos mais fáceis, os novos, que eles tanto desprezam ( os  alienados da bola, os praxistas, os empreendedores etc), acontece porque os senadores reivindicam o direito  de interpretar.
A colagem ( ou a re-colagem) de alguns às teses da extrema-esquerda deve ser compreendida à luz da verdadeira lei da rolha: flutua.  É o único discurso que está sempre à mão. Se revisitarmos as palavras da  UDP, PSR e PCP durante o  cavaquismo ( anos 80-90), encontramos os slogans de hoje.  O que os arquivistas da ordem têm feito é reagir contra uma desordem  que lhes parece exterior ao seu domínio natural.
A desilusão diante  da ausência da sublevação e do caos foi mais forte do que a tentativa de compreender essa ausência. Este exemplo do vazio é de chupeta. Se o tivessem feito, em vez de falar em nome de, ter-se-iam apercebido de que as gerações formadas nos últimos dez-quinze anos não são representáveis.
Não se trata  de aceitar  a pobreza como condição nacional, porque, como dizem os próprios senadores , nunca fomos ricos. Trata-se de salvar o que se tem, tarefa bizarra para os que  têm sempre, seja qual for o lado do qual sopra o vento. As pessoas subentendem que os apelos a fórmulas antigas não lhes garante nada.  O poder intelectual de persuasão e influência, associado por natureza às traves sólidas do poder político e mediático, esbraceja zangado e procura culpados.
Por fim, a dispersão das esferas da representação ( blogues, facebook, revistas online, twitters) acabou com o que restava do arquivo uníssono. Mais fontes, menos donos da água.




Not so fancy

No Depressão Colectiva.

domingo, 27 de abril de 2014

Traduzindo, morreste


Com João Barrento, Nina /Filipe Guerra e Frederico Lourenço, constituia uma guarda de honra para quem gosta de poesia.

À Luiz Pacheco


Quero lá saber se  é taça da  liga, taça latina ou taça de champanhe ( liquído imbebível). O Fóculporto  fez-nos uns  à Luiz Pacheco. E dois no mesmo mês.  Recomendo adalgur com meia de leite e para as costas uma massagem como deve ser.
Só senti um bocadinho de falta de tensão, deve ser do tempo que anda esquisito. Também é verdade que desde que o Sporting mudou para o prédio, sempre de mão na anca, o Fóculporto parece que anda mais distante. Olho nisso. Salvo seja.

Dedicado ao Vasco

Com amor:
Esta época andamos a  fazer ao FCP o que o Oscar  Wilde fazia aos rapazes  bonitos.

Fluctuat nec mergitur ( II)

Povinho: mais um esforço.

Fluctuat nec mergitur

Augusto Mateus foi nomeado por Poiares Maduro, uma questão  de incompatibilidade.
Augusto Mateus concorda com o governo sobre a reestruturação da dívida.

sábado, 26 de abril de 2014

Desta vez a fuga

Não foi interna.

Lucidez


"Durante a intervenção, José Sócrates defendeu ainda que não serão necessárias ações de protesto ou novas revoluções por parte do povo, devendo antes esperar-se pelas eleições nas quais «o povo vai falar».
«E o povo costuma falar com clareza nas eleições. Eu já passei por muitas eleições, já ganhei muitas eleições, já perdi muitas eleições e uma coisa aprendi é que o povo fala sempre com alguma sabedoria. Nós somos sempre capazes de encontrar as boas razões para o povo decidir como decide, mesmo quando decide contra nós», apontou". 

Comparem com os actores das interessantes alianças recém-formadas. Até dá pena.

Arqueoblog (1)

ENTRE CONSERVADORES: Caros infames: foi a minha amiga Clara Cabral quem, há dias, me chamou a atenção para a vossa coluna. Dizia-me que pertenciam, tal como ela diz que eu pertenço, àquela direita desenquadrada, sem obediências partidárias ou fidelidades preconceituosas, que se pode dar ao luxo de escrever o que pensa porque nada tem a ganhar ou a perder. Fui ler-vos. E, desde logo, achei estranha a vossa posição sobre a invasão e destruição do Iraque: simplesmente “a favor”. E achei estranha porque, com a excepção daqueles que assumem, de quando em quando, o papel de comissários partidários (como, neste caso, Pacheco Pereira), que frequentemente dizem a contragosto aquilo que são mandatados para dizer, não conheci ninguém de bom-senso que fosse simplesmente “a favor”. 

daqui

Já decidiram que Portugal vai esturricar, mas podiam esperar pelo Verão

"Antevisão

  Nas semanas de 07/04 a 13/04 e de 28/04 a 04/05 não é possível identificar a existência de sinal estatisticamente significativo. Desta forma será mais provável que no final de março 2014 se verifique um aumento da área em situação de seca fraca". 

Em Janeiro  e Fevereiro, meses diluvianos, o IPMA previa sempre precipitação abaixo  do normal e aumento da seca. Agora  a mesma coisa.

sexta-feira, 25 de abril de 2014

Parabéns ao tovarich

O meu controlador do PCP honra -me com o labéu de propagandista  oficioso do governo. Fico emocionado porque nunca até hoje consegui nenhum cargo oficial ou oficioso.
Ele enviou-me o lead do DN  ( "fraude nas exportações!"), fui ler noutro lado. Resumindo, afinal Sines não pesa tanto na exportações, a importação ( a tal que não existia porque não havia poder de compra)  pode comer a exportação: as exportações de bens totais avançaram 27,4% em 2013,
O meu controlador está  todo contente, eu estou mais moderado.

Liberdade...

Liberdade...

Liberdade...

O polícia apito

TSF, análise às botaduras discursivas na AR. O fabuloso Marques Lopes enxofrado porque  um bidé  do PSD  comparou a troika com o Estado Novo  e a saída do resgate com um novo 25/4. O Polícia Apito  fala  há semanas no Bloco Central e nunca se incomodou com as alusões do estamos a regressar  ao passado, a democracia acabou etc.
Na TV vejo um ajuntamento em redor  de Vasco Lourenço. Rio-me a bom rir, porque conheço ( muito bem)  algumas caras:  se defendem os valores de Abril, eu sou a Rute Marlene.

25 de Abril

O que mais me surpreende no 25 de Abril é o óbvio - que um regime de meio século tenha caído em 24 horas. Não certamente pelos "brandos costumes" dos portugueses. Desconfio de essencialismos e os portugueses também têm um passado violento: a revolução liberal levou a uma guerra civil e a Primeira República foi uma guerra civil. Não, a ditadura caiu de podre, tal como a cadeira de Salazar. O 25 de Abril não foi um golpe de Estado, foi um suspiro de alívio.

quinta-feira, 24 de abril de 2014

Enfim...


É preciso ser um génio da táctica para jogar 70 minutos com dez contra a Juve.

2 minutos


Fisch? Não estudou portuguesas. Se o tivesse feito, com a libertação sexual do  25 de Abril, teria concluído diferente.
Por outro lado, testemunho, com quase 25 anos a ouvir mulheres, que o problema não são só os dois minutos. A ignorância masculina da máquina delas atinge dimensões carnavalescas. Tive  a sorte de ter professoras mais velhas, muito didácticas, mas, não sendo tal benesse  comum, sugiro  uma disciplina de verdadeira educação sexual no 12ºano. Aulas  práticas, estágios frequentes  de dois dias, acampamentos etc. Uma espécie serviço cívico.


Família

A vantagem destas pequenas charagandas adolescenciais-lisboetas é que já vamos conhecendo as caras. 

PS:  e há quem não distinga uma manif de uma coisa organizada pela TSF ( com o mesmo mote do Fórum e tudo, mas enfim... haja diversão).

quarta-feira, 23 de abril de 2014

Aula grátis

Talvez estudando mais, lendo, enfim, coisas de intelectualóides.

A altura certa

Para renegociar a dívida. Acordai, acordai...os  inteligentíssimos e patriotas  subscritores, dizei-lhes que terão outras oportunidades para a campanha eleitoral.

The bottom jaw

No Depressão Colectiva.

O ópio do povo e tal

"Manuel Alegre não deixou de revelar um olhar mais descontraído sobre os fenómenos sociais, constatando que, nos últimos tempos, “nunca se viu um mar de gente na rua como na celebração do Benfica, de que gostei, mas que também me deixou preocupado”. Para o antigo candidato à Presidência da República, “isto também revela a necessidade das pessoas se libertarem de um vazio que existe”.

As pessoas não "foram para a rua libertar-se de um vazio que existe".  As pessoas foram celebrar a vitória da sua tribo.
No futebol não há revolução nem democracia. O futebol é popular,  instintivista, despolitizado. Um povo são é espontaneamente aristocratista ou monárquico  ( Pessoa).

Um exemplo do pedantismo

Foi o coro de reacçções ao sorteio dos Audi. 
Do pedantismo de WC -  " os carros  são caros de manter" (como se alguém impedisse o sortudo de vender )  - ao pedantismo de brilhantina:  "não é assim que se educa fiscalmente as pessoas".
Este último tem aqui uma variante  especialmente bem calibrada de reaccionarismo.


PS: a TSF já não está interessada em ouvir  o  imparcial bastonário dos técnicos oficiais de contas, que assegurou dezenas de vezes que  a medida era ineficaz.  Normal.

Torre Vermelha

Amanhã, às 22 horas, a Cinemateca passa Torre Bela, o célebre documentário do alemão Thomas Harlan sobre a ocupação de um latifúndio no Ribatejo em 75. Começa com um longo travelling à volta de uma propriedade murada, segundo a lenda a maior do país, e não por acaso. Torre Bela é a crónica de um cerco. Durante duas horas, sem comentários nem legendas, o realizador dá-nos a ver as sucessivas operações de conquista popular da herdade, desde a invasão do terreno à entrada final no palacete dos proprietários. Mas é também uma metáfora dos limites impostos pela realidade às utopias do PREC, encerrado nas suas contradições internas, preso ao fracasso das experiências de autogestão, derrotado pelas “forças contra-revolucionárias”. Harlan mostra-nos o momento e o lugar em que a utopia se confunde ainda com a realidade: no Verão quente, entre o Cartaxo e a Azambuja. Em toda as revoluções, tarde ou cedo há um ataque simbólico aos monumentos do antigo regime, prova do estreito nexo entre arquitectura e poder. Por isso Chesterton, a propósito da tomada da Bastilha, diz que as revoluções começam por ser abstractas. Nos campos do sul de Portugal, de que a Torre Bela se apresenta como exemplo, a nova ordem revolucionária quer destruir a velha posse da terra, devolvida pela Reforma Agrária a quem a trabalha. É o primeiro símbolo a abater. Daí o subtítulo do documentário - “a terra” -, tema recorrente da entrevista inicial ao Duque de Lafões, ele próprio símbolo do fim de uma era, no seu francês escolar e na sua dignidade de aristocrata acossado pelo tempo e pela multidão, que lá fora o insulta (“Aquele malandro!”), organiza piquetes decididos a “não recuar” e vocifera episódios remotos de injustiça. Um diz que o mandaram embora “como um cão”, outro queixa-se da courela que roubaram aos avós, uma terceira alegra-se com o 25 de Abril porque “este ano vamos poder apanhar a azeitona enterrada na Torre Bela”. Só depois deste prólogo, em que a memória do passado legitima a luta do presente, se passa da ocupação da terra à dos edifícios, insistentemente exigida nos plenários por Camilo Mortágua, o activista da LUAR a quem os ocupantes pedem orientação política e que, durante alguns meses, será o seu principal conselheiro. O PCP, como se sabe, demarca-se dos acontecimentos, o que lhes dá um ar de amadorismo ainda mais surrealista do que tudo o que se passa então no resto do país. E passa-se muito. Com a ocupação dos prédios rústicos vem a cooperativa, vanguarda do proletariado da Torre Bela. Mas o proletariado não está politizado e faz a vida difícil à vanguarda: nos plenários ninguém se entende, há quem se queixe que a respectiva aldeia não é representada pela democracia directa, há quem não queira trabalhar nos turnos e, cena mítica, há quem não queira ceder a pá para uso da “comprativa” por medo do “descaminho” nas mãos dos outros. A propriedade privada, inimigo público da revolução e última trincheira da liberdade. Locke explica. Entretanto, o acto de força é reconhecido pelo próprio exército que, numa reunião não menos mítica entre militares e camponeses, garante estar ao lado do povo, como então se dizia. Ou, como dirá um oficial, “é o povo que faz a revolução”, a tropa está ali para ajudar o povo e o povo que ocupe que “a lei logo virá”… A lei não veio, mas a tropa, correndo o boato de que o Duque ia lançar um contra-ataque com “uns tipos que podia ir buscar ao Bairro Alto e ao Intendente para lançar umas granadas”, desloca-se à quinta, de G3 em riste, para proteger o povo da reacção e comungar do fervor revolucionário. O último acto do cerco é a tomada do castelo, representado pelo solar da família Lafões, centro físico e simbólico da herdade. Ponto sem retorno, este desfecho é precedido de longos colóquios e dúvidas. Ao franquearem a cidade proibida, sem violência porque já lá não está ninguém, os descamisados fazem-no com um espanto quase religioso, ainda que se entreguem a um vago saque das roupas e objectos dos antigos senhores e até a um arremedo de profanação carnavalesca: a criança que martela o piano, as hóstias atiradas ao ar, o rústico que veste uma alva e finge dizer Missa, o trabalhador que enverga uma jaqueta do patrão que lhe fica curta – outra involuntária metáfora da revolução. Ironia da história: o documentário termina com um texto lacónico, sobre um fundo em que se vêem os ocupantes a amanhar a terra, dando conta de que, alguns meses depois, o episódio chegaria ao fim por intervenção militar. A situação política mudara, os ventos do PREC tinham passado, as ordens de Lisboa eram para repor a legalidade. A quinta da Torre Bela voltou mais tarde às mãos dos proprietários, que a venderam a uma sociedade imobiliária sem nunca regressar. Ao contrário da profecia de Marx, nem sempre o socialismo sucede ao capitalismo. (Este post é uma versão de um artigo que escrevi para a Atlântico.)

terça-feira, 22 de abril de 2014

Sem palavras

Emorracional

No Depressão Colectiva.

Ainda mais Abril: a falta de pilim

"Vasco Lourenço acrescentou, em tom crítico, que “já há legitimidade [dos militares] para correr com esses tipos que estão no poder; não há é condições". 

O homem ia discursar à AR  no dia 25 e fazia-se um peditório.

Mais Abril

Pacheco Pereira regressa ao seu projecto de fundar  um partido maoísta unipessoal, tudo bem, mas Freitas do Amaral regressa a quê, se já não tem o seu protector Marcello Caetano para o ajudar?

Dois textos sobre a religião na escola

O ensino da religião na escola e a disciplina chamada (não sem equívocos)formação cívica têm agitado nos últimos anos, de modo particular, os países da Europa latina. Em França, onde a secularização galopante é acompanhada por uma crescente islamização, Régis Debray escreveu em 2001 um relatório oficial que serviu de base a várias mudanças no currículo introduzidas pelo insuspeito Jack Lang, então Ministro da Educação. Entre nós, o tema tem sido vagamente abordado, mas Paulo Mendes Pinto, professor de História das Religiões na Universidade Lusófona, publicou recentemente o texto de Debray com um pequeno comentário. Não concordando com a visão republicana de uma escola que deve substituir-se à família agonizante na transmissão de "valores", por exemplo, ou com a redução da religião a fenómeno cultural, ambos são, na sua perspectiva confessadamente laica, um início de conversa. Aqui fica.

A suivre

Com muita atenção.

Nada muda

Segundo estes democratas,  estes são os democratas que lutam contra os "nazis" ucranianos.

segunda-feira, 21 de abril de 2014

Cumprir Abril: o PEC IV

"De facto, para atingir as metas de redução do défice para 3% do PIB em 2012 e para 2% do PIB em 2013 (...)"

Isto sim, seria um governo de esquerda: 2% e logo em 2013. Como? Cortando na gasolina dos carros  ministeriais e descobrindo petróleo no Beato e gás natural na Buraca.
Imagino os capitães de Abril, Soares, Pacheco Pereira, Louçã, Capucho  e Freitas do Amaral a festejar  os 40 anos da Revolução, de barretina  na cabeça, assistindo orgulhosos ao desfile das forças em parada no Largo do Carmo.

Selfie alheia ou O sucesso por procuração fraterna

O de óculos é o meu irmão com a malta dos Olivais, ontem, no Estádio da Luz, a hora indeterminada. É fácil perceber quem tem sucesso na família.

Memórias e perplexidades de um filho da democracia

Ao contrário de tanta gente, não tenho nenhuma memória do 25 de Abril. Uma bizarria a que não será alheio o facto de ter então três anos e muita inveja do Eng. Sócrates, que sempre recordou com famosa precocidade as exactas circunstâncias do seu encontro com a história. Na verdade, a minha primeira lembrança política é a morte de Sá Carneiro, estava eu na 4ª classe. Não tanto por saber quem fosse Sá Carneiro ou o que era aquele acontecimento retomado sem cessar pela televisão, mas por ter visto, pela primeira vez na vida, o rosto silencioso da tragédia na cara dos meus pais. A derrota de Soares Carneiro, dias depois, foi apenas a confirmação do que eu sentira ao ver as imagens do Cessna esmagado contra uma parede de Camarate: o "nosso" lado perdera. Conto isto porque pertenço a uma geração que, sendo de direita (ou não sendo de esquerda), cresceu em democracia e não tem qualquer relação política ou afectiva com o anterior regime. Para mim, Salazar é uma personagem tão distante como Sidónio Pais ou Afonso Costa (talvez mais, porque sempre houve na família uma fortíssima mitologia da Primeira República, alimentada por uma bisavó monárquica que considerava Salazar um traidor da causa, um bisavô - seu marido e republicano - que combatera em La Lys, e outro bisavô - ainda mais republicano - que tinha sido preso por envolvimento no atentado a Sidónio). Para mim, a democracia é o regime natural, aquele em que cresci, aquele em que comecei a votar assim que tive idade para isso, aquele em que me filiei no PSD assim que o Eng. Guterres chegou ao Governo, aquele em que escrevi de milhares de linhas inúteis nas campanhas de milhares de eleições e referendos. Em suma, para mim a democracia é a normalidade e essa normalidade concretiza-se em votar. Por isso me deixa perplexo que a Associação 25 de Abril, autoproclamada herdeira do MFA, queira comemorar no inevitável Largo do Carmo os quarenta anos da revolução em festejos paralelos aos oficiais, a decorrer no Parlamento. Já sei que o motivo é que não os deixam discursar em S. Bento e que os militares de Abril, depositários da pureza da revolução, entendem não só ter mais legitimidade do que os partidos para falar em S. Bento como não terem os partidos do Governo legitimidade nenhuma para falar seja onde for. Mas isto, se me permitem, é um entendimento muito pouco democrático da democracia. Pode criticar-se o Governo por muitas razões, e eu próprio já o fiz, mas não se pode criticar os partidos do Governo por não terem legitimidade democrática. Ganharam as eleições, são apoiados por uma maioria parlamentar, estão a governar respeitando a Constituição e, se não estão, os checks and balances do regime funcionam. Ora, os supostos intérpretes do "espírito de Abril" dizem, no fundo, que a legitimidade democrática de quem fez a revolução pelas armas é maior do que a legitimidade democrática de quem ocupa o poder pelo voto. O que é uma contradição nos termos porque o 25 de Abril se fez exactamente para eleger quem está no poder (foi o que me ensinaram na escola, pelo menos), e não para que alguém se arrogasse uma legitimidade superior ao voto para interpretar o verdadeiro sentido da revolução. O 25 de Abril não tem donos. Nem mesmo os que o fizeram.

De volta a Ítaca

Que é como quem diz: de volta à bloga, graças à hospitalidade do Filipe e à minha mania de dizer umas coisas. Passaram dois meses desde o fim do Declínio e Queda. Entretanto, o Benfica ganhou o campeonato, Putin anexou a Crimeia e morreu o Le Goff. O mundo não pára, com ou sem a minha opinião, e olhar para trás é sempre "aprender a morrer", como filosofava Montaigne. Boa Páscoa a todos. (Em cima: Giorgio de Chirico, O regresso de Ulisses.)

Cadernos da mudança (I): o diagrama de Mandelbrot


Este artigo de Francisco Assis  é um exemplo do pedantismo desesperado dos dias de lixo. Esta profecia ( houve outras iguais em 2012) é um exemplo do pedantismo  passadista dos dias de lixoEsta invectiva é um exemplo do pedantismo desdenhoso dos dias de lixo.
Em comum, este pedantismo exibe a mesma incapacidade de  compreender o mundo em que vive. Curiosamente,  o mundo de que se orgulha ter construído: o da igualdade de direitos e da isegoria, mas também o da gente que se alçou da miséria graças ao 25/4. Essa incompreensão traduz-se numa revolta contra o povo que diz defender. Não há novilíngua mais perfeita: defender é acusar.
Pensar este país implica romper com os aparelhos de análise ultrapassados  e dispensar categorias desactualizadas. Este resgate não foi como os outros. Sucedeu a um período de bonança  e desenvolvimento, que criou hábitos e expectativas,  e aconteceu num tempo em que as pessoas não têm só acesso a mais informação: fazem informação. Quem não percebe isto está arrumado.

 Comecemos pela tríade: Abril-ciclo dourado-resgate
a) Os médios
A libertação é anti-libertária. Se não quiserem ir a Sade, podem sempre ouvir  os críticos do consumismo capitalista. A liberdade de poder comprar coisas com que os avós  nem sonhavam  criou a  dependência dessas coisas. A tecnologia individual mostra isso mesmo. Ontem não passavas sem um telemóvel, hoje matas por um smartphone. No geral, ontem ias molhar os pés à Nazaré, hoje queres ir a Varadero. É curial notar. Os que dizem que estes  desejos de consumo  são o mímino de uma sociedade europeia, são os mesmo que não entendem que as pessoas não os queiram  trocar pelo caos às ordens do lifting revolucionário. Voire Grécia.

b) Os desprotegidos
As bolsas de pobreza aumentaram, não apareceram. Nos anos dourados, um projecto como o de Thierry Roussel, no Brejão, só foi possível por causa da miséria da zona. Não sei se conhecem, mas havia, e continua haver, lá barracas. Os velhos e os pobres de hoje   constituem legiões canenses, não exiladas na Sicília mas na gaveta da da tríade. Durante o ciclo dourado, foram olimpicamente trocados pelo luxo citadino ( de que serviram campos de futebol a quem tinha reformas de 150 euros?) às ordens de autarcas e governos megalopatas e pelas causas ditas fracturantes. Agora aumentaram outra vez.

O diagrama de Mandelbrot é um belo leurre.  Cálculos  básicos  repetidos demencialmente produzem padrões semelhantes.  Muito bonitos, mas vazios em termos de variedade de informação.
A insistência em categorias políticas tomadas de uma realidade social que já não existe, ainda que produzam um efeito espectacular, também serve de pouco. As mesmas palavras de ordem, o mesmo jargão que funcionou no século XIX ou em Hanói, não diz nada aos desamparados  médios e desprotegidos  dos dias de hoje.
Seria necessário criar uma linguagem inscrita nos significados relativos ao real. Por exemplo, a classe média que empobrece está mais interessada em saber como pode recuperar o que perdeu  do que em erguer barricadas. Pois, mas isso é um projecto desinteressante para a andropausa revolucionária.


Próximos textos:
i) Como  resistem Castor e Pólux - o partido da austeridade e o seu gémeo do Largo do Rato.
ii) A perda de influência dos senadores político-mediáticos ( e a sua inscrição no regime)  e a raiva "aos novos".
iii) O regresso do saudosismo, a outra forma de passadismo.








domingo, 20 de abril de 2014

Morreu o boxeur famoso por ser inocente

Campeões com suspicácia


Hoje ou para  a semana. Vou festejar rijo, mas não me  dêem tangas.
Dois  títulos em cinco anos  não são bofetada de luva branca nenhuma. Quem pensar assim arrica-se a manter a média, para  gozo de tripeiros  e lagartos.

sexta-feira, 18 de abril de 2014

A esquerda filosófica

"As revelações de "Mediapart" tiveram grande repercussão porque o site especializado em jornalismo de investigação revelou estranhos hábitos burgueses, muito chocantes para o eleitorado de esquerda, do assessor presidencial."

Estranhos? Fez-me bem rir. Cá no burgo, exceptuando  o PCP, o jornal francês muito teria para contar.
Do Pereira MRPP dos iates que tem ( tinha...)  avenças com Alberto João ao sindicalista com o seu charuto  no terraço do Polana; dos medicozinhos revolucionários ao volante  dos  série 6  à matrona socialista que põe nos pezinhos potemkines dois  salários mínimos de Jimmy Choo, a lista adormece-te, pá.

"No entendimento do governo"

É nestas alturas que lamento termos pedido ajuda em 2011.
A voz off do jornalista da TVi, na peça sobre a  ópera bufa Capitães de Abril/Cerimónias AR:

"No entendimento do governo, apenas os representantes eleitos têm o direito à palavra no parlamento"

adenda: Note-se isto enviado por "João":
" "Tem a palavra o senhor professor doutor Rui Alarcão, cancelário reitor da Universidade de Coimbra." Foi com estas palavras que o presidente da Assembleia da República, o social-democrata Vítor Crespo, a 14 de novembro de 1990 - governava então o PSD - chamou ao púlpito da sala de plenários do Parlamento o reitor de Coimbra, para se dirigir aos deputados, na reunião plenária de 13 de novembro de 1990."

http://cibertulia.blogs.sapo.pt/ja-dois-nao-eleitos-discursaram-no-1767996"


Ou seja, o Alarcão exigiu, "tinha o direito". E outros que houve, também , não é?
A crise  também nos obriga a fazer de parvos?

Tempo

Sagrado  e mutilado. No Depressão Colectiva.

quarta-feira, 16 de abril de 2014

As minhas condolências ao Miguel Prates da SporTV



 Também enterrado, no quinto  ano, parece ter ficado o medo  que Jesus tinha do Fóculporto.

Se bem entendi

Asseguraram as exportações, mas  paralisaram os portos, perderam contra o duque de Alba neoliberal, mas reintegraram os 47 trabalhadores.
Provavelmente, a melhor prova de vida do mundo , como diz o João Villalobos.

E não me olhes nos olhos

"A cerimónia de homenagem ficou marcada pela identificação de Anabela Pereira, mãe de Tiago Campos, e de dois surfistas, por terem lançado flores ao mar, contrariando as ordens da polícia marítima".

Sim, é necessário cumprir ordens. Afinal, foi assim que tudo isto começou.

O Estado Novo formou pacifistas- between regimes:

"Quanto ao ensino antes do 25 de Abril - a mesma coisa. Não fale apenas daquilo que ouviu dizer ... Havia muitos aspectos negativos, principalmente relacionados com o elitismo do ensino, mas havia muita coisa de bom. Se pensar um pouco, há uma que é imediata: o sistema de ensino formou várias gerações que, apesar de tudo, conseguiram fazer uma revolução mais ou menos pacífica...".

De um nosso jovem batalhador e simpático comentador (sempre com instruções precisas que tento cumprir) , que anda  na batalha da inovação e, porque não arriscar, da revolução intelectual, neste post. Batalhemos ao seu lado.

terça-feira, 15 de abril de 2014

Defnição de angústia

Por Quasimodo, no Depressão Colectiva.

O "ensino de excelência" do Estado Novo


Não consigo entender algumas das palmas que a declaração de Durão Barroso colheu. Fui trabalhar, dormi, fiz pesos, futebol, sexo e continuo na mesma. Como é que o patrão  ( burocrático) da Europa pode dizer tamanha estupidez?
Um adolescente do Portugal pré-74 não podia ler ou discutir Gramsci ou  Debord, não podia aprender a crítica pós-colonial de Achebe; não podia escrever uma composição criticando o regime, a moral, a religião. Enfim, vivia entre baias como um cavalo de duplos antolhos.
Havia disciplina, rigor e trabalho? Sim. Em qualquer laogai  ou lager, também. Seria fastidioso explicar que essas categorias não significam nada se servirem apenas a submissão, a ignorância e a servidão.

Recordar

1989, Tianamen: o Exécrcito de Libertação do Povo  ajudava o povo, massacrando neonazis, fascistas e neoliberais a soldo do  imperialismo.

segunda-feira, 14 de abril de 2014

De velho se torna a menino

Durão Barroso apenas regressou aos tempos em que empurrava professores pelas escadas abaixo.
Nesses tempos também era adepto de campos de reeducação.
O ensino de Mao  também era muito bom e exigente. Só não se  podia ler metade dos livros publicados na Terra.

A surpresa do ano

Não lembraria ao diabo. Uma vitória a ferros. Uma luta renhida.
É uma pena os humoristas portugueses terem restrições ideológicas.
O resto da notícia ( a parte do "interlocutor sério finalmente")  também daria para meio programa.

Vamos vamos...

"O ministro sublinha ainda: «aquilo que acontece é que havendo possibilidades de nós continuarmos a desenvolver as políticas de bons resultados financeiros dos últimos anos vamos acumular capitalização pública e largas centenas de milhões de contos».

Toynbee

E devastação. No Depressão Colectiva.

A turma do croquete ataca de novo


Tudo pronto para endeusar Jesus ( enfim....). Depois de  três anos  de falhanços  variados, conseguiu ganhar  à formação do Sporting e aos extraordinários  Fonseca/Castro. Então este  bi-campeão deve ser um treinador galáctico.
Vão gozar com o Camões.

Bon chic, bon genre


Estes são tempos de clareza. Chegou-se a este ponto para justificar a ausência da prometida sublevação nacional. 
Que a esquerda bc/bg, enclausurada em Lisboa e  atafulhada  de solicitações mediáticas,  não tem pachorra para os velhos crentes das aldeias, já sabíamos. 
Que nunca a vemos  na "província" ( alguns preferem "o interior") à porta de uma fábrica falida ou de um centro de saúde encerrado, mas sempre rodeada de jornalistas, também.
O que fica mais claro é a desesperança. Se é com este fino verniz que os mais  fracos contam,  estão condenados.

Começar a semana com calma

sábado, 12 de abril de 2014

Mais salário mínimo

 O salário mínimo começou com isto, na Nova Zelândia, em 1894, ainda Keynes era bebé.
Vamos a Reich:

"4. A $15/hour minimum won’t result in major job losses because it would put money in the pockets of millions of low-wage workers who will spend it — thereby  giving working families and the overall economy a boost, and creating jobs. (When I was Labor Secretary in 1996 and we raised the minimum wage, business predicted millions of job losses; in fact, we had more job gains over the next four years than in any comparable period in American history".

l nemico del Fascismo è il tuo nemico: non dargli quartiere



O  futurismo de Marinetti: Nessuna opera che non abbia un carattere aggressivo può essere un capolavoro ( texto completo ) . Boccioni esculpui essa coisa  aí em cima : Forme uniche della continuità nello spazio. Foi feita em gesso, o bronze foi adicionado mais tarde. Na Frente Ocidental italiana de 1916, os soldados usavam miniaturas do trabalho de Boccioni. Os bons entendedores consideram que esta figura vitalista antecipou o Homem Novo fascista. Marinetti juntou-se ao fascismo, Boccioni  caiu do cavalo  e morreu na guerra.
O título em italiano deste post é do decálogo de 1942. É uma  ordem adaptável a outros vitalismos que agora andam por aí. Refiro-me aos que possibilitam reunir os seres superiores, aos que têm "o dever moral" de assinar manifestos. É uma ordem de trincheira, que não admite nada e justifica tudo.
Antes cair do cavalo.

Hidroginástica

Beba dessa água sim. Vá a votos. Por favor. Rogo-lhe.

sexta-feira, 11 de abril de 2014

Não foram "cortes", não são despedimentos "anunciados"

No primeiro, em Asneiros, no mês passado, ficaram sem trabalho  mais de sessenta pessoas.
Por tristes  razões, continua a infectar a ideia de que quem paga a crise são  os funcionários públicos.

Comparar isto com o post anterior sff ( sim, os EUA não são Portugal blá blá blá):

"Diga-se que o debate na Quadratura foi de uma pobreza extrema, não tido sequer sido mencionado o efeito que um aumento do salário mínimo no desemprego, sobretudo no desemprego jovens, dos menos qualificados e nas regiões mais pobres".

Arrasando mitos anti-salário mínimo

 Por exemplo:

One of the major arguments that comes up whenever there’s some talk about raising the minimum wage is “What about small businesses!” and “What about teenagers! Who is going to hire teenagers if they have to pay them anything close to a living wage?”
It’s easy to assume that most minimum wage workers are teenagers working for some extra pocket change so they can get a dress for prom, go to the movies or buy some Adderall off that kid in third-period history. They’re just learning to have some real responsibility for the first time! They don’t need all the money! And who will even pay a whole $9.00 an hour for a teenager?
Well, here’s the thing:
chart minimum wage be43a51 Most minimum wage workers are adults who work for large corporations

Dependentes

No Depressão Colectiva.

quarta-feira, 9 de abril de 2014

Ficção política ( II)


Para qualquer pessoa normal são claras duas coisas:
a)  O PSD e o CDS-PP aproveitaram o governo minoritário de Sócrates e a sucessão de PEC's  para conseguir governar, prometendo um cesto de falsidades. Uma vez  no governo, só poderiam  romper com as promessas feitas dada a situação financeira do país.
b) A extrema- esquerda ( PCP, Bloco) e os snipers mediáticos, de vários quadrantes,  ajudaram  à festa da  direita  e agora choram lágrimas de crocodilo ( mito  criado por Bartolomeu Angélico, pois como se sabe as lágrimas são secrecões largadas  pela membrana nictitante quando o bicho está muito tempo  ao sol,  para lubrificar a retina).

A actual ficção deriva da anterior. Como se lembram, no tempo de Sócrates foram montados  e produzidos dois filmes ( recordo que António Barreto admitia, relutante, não ter a certeza se Sócrates era fascista):
1) O  Freeport.
2) A asfixia democrática.

Aqui chegados, mais duas ficções foram criadas: a sublevação nacional e o "há alternativas". A primeira ficou no tinteiro, a segunda era evidente para todo o bem-pensante que não fosse um reles empreendedor sem leituras  de Tácito. Em 2014 verificámos, afinal , que as famosas  alternativas ( 34536377 formas diferentes de aplicar a austeridade)  se resumiam  à reestruturação da dívida, coisa que o PCP e o Bloco defendem  desde  2011.

A máquina agora  acalmou, porque em tempo de eleições não há ficção, só promessas. Mesmo assim, já faz o seu caminho uma curta-metragem de nome "A culpa é dos jornalistas", realizada por ex-maoístas e ex-trotsquistas, velhos mágicos destas andanças.













Amor é ( XIII)

Se fores apanhado, exagera o irrelevante e omite o essencial.
Se falhar, podes sempre ir para jornalista.

terça-feira, 8 de abril de 2014

Mamacita

Já não é a primeira vez, creio, que a Câncio escreve  sobre a maternidade e sempre  da mesma maneira.
Faz muito bem, é um assunto querido à jornalista que o domina como ninguém.

A melhor line púnica

 Masinissa casa com Sofonisba, que devia ter dotes muito especiais, mas Cipião ralha-lhe e diz-lhe para se desfazer da bela. Acabadinho de casar, vai ter com a estimada esposa e pede-lhe que morra.
O escravo traz veneno e Sofonisba tem a melhor line das guerras púnicas. Olha para  a taça mortal  e diz ao marido: Se é o melhor presente que foste capaz de arranjar, aceito.

(Lívio, no original traduzido, e uma interpretação feminista  area studies, porque não quero que vos falte nada)

Amor é ( XII)

Olhá-la  sem medo. É mais difícil se ela estiver a suspirar.

Bruno, amigo, o mundo está contigo mas:

Não vás ao Papa, não vás ao Papa...

Não perturbar mais esta certeza plácida do cronista do jornal de referência

"Quanto ao hábito de chegar e começar a trabalhar de imediato, não sei onde trabalhou Raposo, mas não foi nas empresas onde eu ou os meus amigos trabalharam. Na Holanda o dia começa invariavelmente com o café e tem interrupções a meio da manhã e da tarde para outro (tudo entre 15 a 30 minutos)".

Sim, a crise justifica

Uma fórmula. No Depressão Colectiva.

Un mojito? Super, super:

segunda-feira, 7 de abril de 2014

Amor é (XI)

Saber que  a vida em comum vicia o sexo. Na natureza nada é garantido.

Pasiteles


As novas tekhnai ( τέχναι) de comunicação são acusadas de muita coisa: divórcios, pedofilia, egoísmo, ataraxia etc. Têm vantagens.
No sentido  clássico, as  τέχναι conduziam a acção humana para a produção de objectos culturais e práticos ( da pecuária à poesia), mas uma grande vantagem é evitar o destino de Pasiteles, que foi devorado pela pantera que lhe servia de modelo: dispensam  modelos e trabalham à  distância. Na stasis política, estas técnicas estão a abalar o sólido edifício da opinião garantida.
Actores  que costumavam  emitir a palavra sem contestação, excepto nos cafés ou nos táxis, são agora confrontados com desmentidos em blogues, facebook, tweets e outros cerros que se inventarão. 
E não gostam.

domingo, 6 de abril de 2014

Ontologias


Não faço ideia o que seja o saldo primário médio, mas cativa-me a impossibilidade ontólogica, sobretudo  quando brandida  por progressistas ( 74, 28, 3, whatever).

« Les imbéciles (...) préfèrent s’en remettre au Temps. La civilisation du
jour est nécessairement supérieure à celle de la veille et celle du lendemain lui sera nettement supérieure pour la même raison. 
 
( Bernanos, citado aqui, em Sciences-po, para o catolicismo do homem não suscitar asneiritas que depois tenho de corrigir).

Amor é (X)

Deixá-lo pensar que foi ele que a escolheu.

Saba

Se um menino pudesse escrever um poema  para a sua mulher, escrevia isso, disse Saba. O isso já lá vamos, mas  notem a máquina italiana na mesa, igual à  minha e que não troco por nespresso nenhum.
Saba era acusado de ser conservador para irritar ( os ermetistas, os tipos da  nespresso etc), mas  defendia-se dizendo  que era apenas um arretrato cultural.
Vamos ao isso ( Casa e campagna, 1909), um elogio à mulher ( pollastra, franga), um piropo espectacular  ( pettoruta e superba é de chupeta). Usa o tradicional settenario ( acento na sétima sílaba do verso) na vitrina do não menos convencional hendecassílabo, mas é a simplicidade que nos apanha:

Tu sei come una giovane,
una bianca pollastra.
Le si arrufano  al vento
le piume .
(...)
ma, nell'andare, ha il lento
tuo passo di regina
ed incede sull'erba
pettoruta e superba.

sábado, 5 de abril de 2014

Coincidências

"Os nossos advogados, quando chegam a um certo nível de experiência, são contratados por escritórios de advogados que não têm as restrições orçamentais (e ao nível da remuneração) da CMVM", sublinhou, considerando que o supervisor, face a estas assimetrias, "tem feito milagres".

Revigorante. Um advogado da CMVM têm em mãos um processo sobre X. Sai da CMVM e vai trabalhar para um grande escritório. Por coincidência, esse escritório representa X.

Exemplar

O post do João Miranda ilustra a actual atitude de JPP: em modo barricada e com intensos  tiques de casta.
Os comentários ao post do João Miranda ilustram o pior  dos blogues: JPP não se vende por cargo nenhum. Estava de malas feitas para Paris  ( embaixador na UNESCO) quando Santana  subiu ao poder e não teve pejo em desistir  do cargo e assumir o confronto com Santana.

Só tem 26 anos

Ou seja, almoçamos cortiça e arrotamos refinados

Por um lado,
"e das importações terem caído a pique"
e por outro,
 "tendo a procura interna voltado a ser o motor (exclusivo) da economia...".

Inquietação, inquietação...

"Prepara-se um despedimento em massa na administração  pública,  é a peça que falta para a saída da troika", Pedro Adão e Silva, Bloco Central ( o de hoje).
Deve ser isto o eleitoralismo. Muito original.


Amor é ( IX)

Ela não ser maternal. Na hora da troca facilita as coisas.

sexta-feira, 4 de abril de 2014

Poejos

No Depressão Colectiva.

Kiss kiss

Bang bang.

Ficção política


Puxar o filme atrás.
Quando se percebeu que o país começava a reagir, o que fizeram  PCP, Bloco, soaristas, ex MFA e  grupo de Paris, apoiados pelo PSD e CDS não-inscritos ( JPP, Capucho, MFL, Freitas, Bagão etc).
Começaram por ignorar, enfadados. Depois troçaram. Era só Sines. De seguida começaram a reconhecer, mas desvalorizaram sempre ( "não chega"). Finalmente viraram-se contra o INE, o Banco de Portugal e contra todos os jornalistas  que noticiem saída de contentores. Lembro-me bem, porque estava no D&Q e sempre que dava conta de uma melhoria, apanhava com o gozo, primeiro, e depois com a raiva. Tentei  explicar que era o país a reagir ( não estava "bom", óbvio, como nunca poderia estar  um país sob resgate), não o governo, mas debalde. A ficção estava escrita e passava por um desprezo absoluto, e imperdoável,  pelas pessoas que foram à luta. Um enorme erro político.
Isto aconteceu porque o espectro político de oposição ao governo  adoptou a cartilha da extrema-esquerda. Por isso o PCP e Louçã reivindicam, e bem, a originalidade da ideia do Manifesto dos 74. A adopção reflectiu a ficção política: vem aí o caos, o segundo resgate, a espiral recessiva,  a revolução, não se pode andar na rua em segurança, o governo está para cair  a qualquer momento etc. Cavaco  e Seguro levaram  por tabela.
Se em vez de viver debruçados sobre o umbigo,  nos jornais e nos estúdios  de TV,  tivessem lido os sinais e os números, se tivessem trabalhado sobre  a realidade  e não sobre  a ficção, não estariam  na  situação em que estão agora. E qual é ela?  A de um possível empate técnico nas legislativas, a da ruína da ficção que criaram.


quinta-feira, 3 de abril de 2014

Tenho de largar o mezcal


 
Chego a casa e vejo a bela sonsa, com o seu ar de bela sonsa, a dizer que o governo pretende baixar a sobretaxa de IRS, "o que custaria 700 milhões ao Tesouro Nacional" ( disse isto como quem explica as  vantagens lúdicas  da quimioterapia).
Era capaz de  jurar que a bela  sonsa costuma entrevistar convidados - que é como quem diz, lhes pede para concordarem com ela - sobre os terríveis sacrifícios fiscais impostos aos portugueses.

Está alguém no Ratton?

Todos os dias  ouço dizer  que a Constituição foi desrespeitada e que  o Estado democrático está abalado. Quer dizer, ouço nos media disciplinados.
O Tribunal Constitucional não diz nada sobre este atestado de imbecilidade que lhe passam?

Atenção

Sai outro manifesto sff.

Amor é ( VIII)

Deixá-la decidir sobre tudo.
Sobretudo na cama.

quarta-feira, 2 de abril de 2014

Então?



Gente sem palavra

1) O Estado mau pagador? Perguntem ao irrevogável dr.Portas  e ao senhor Almeida.

2) Pareceres a gosto, comentário político aos domingos, rebaldaria geral, silêncio nos blogues pró-governamentais sempre tão preocupados com "os dinheiros públicos".

Amor é (VII)

Ela está de loura, adoras louras;  ela está de morena, adoras morenas.
Ela está a sair da quimio, adoras lenços.

Ignacio Altamirano, el chontal

Um  romântico, sim ( dizia Justo Serra que de 1830  até à chegada de  Gutierrez Nájera todos eram românticos no México), mas perfeito.  Reyes classificou-o como poeta da palavra única.
Um pedacinho:

Y se derriten las perlas
del argentado rocío,
en las adelfas del río
y en los naranjos en flor

terça-feira, 1 de abril de 2014

Luís Coelho, Faro, Luanda, não é?

Começou assim.
Continuou assim.
Terminou assim.

Kinky

Segundo entendi, vendo  a SIC-N e ouvindo a TSF, temos  de ter atenção às segundas partes das notícias:

a) "O desemprego  estabilizou em Fevereiro, mas baixou 2% relativamente ao ano passado".
b) "Há mais jovens até aos 25 anos desempregados,  mas menos 5% do que no ano passado".

Só não entendo uma coisa: se o país está pior, por que motivo os media oficiais Aula Magna precisam de fazer contorcionismo? É uma coisa sexual?

PBX

Gostava de ouvir os autores e divugadores da tese da asfixia democrática.

Deus, hemodiálise e ansiedade

No Depressão Colectiva

Pintar a cara de preto

É uma tristeza constatar  o que os novos compagnons de route da lengalenga esquerdista  repetem: os sacrifícios não estão a ser distribuídos de forma igual.
Agora estão: entregar metade do que ganhas é pouco? Bem, talvez entregar tudo  respeitasse  a famosa justiça social.

Mais visão de futuro ( em ucronia): uma duvidazinha

Se, como diz a extrema-esquerda ( agora apoiada pelos bispos moralistas) tivéssemos reestruturado a dívida em 2011, como seria agora?
Ou só agora é que a questão passou a ser boa?

Nada mau