sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

O Tempo Novo:

1) A FENPROF tem um ministério: MINEDUMO ( ministério da vigilância do ministro da educação).
2) A CGTP tem uma secretaria de estado ( do Desenvolvimento das Teses)
3)  O PS tem um novo  programa: o optimismo reversível.
4)  Os intelectuais e artistas têm uma nova missão: caçar traidores descrentes, por todo o caminho de pé posto.
5)  O governo tem um novo objectivo, geneticamente  democrático: dar tudo agora   para receber  em votos depois.
6) O país tem uma nova missão: construir o  novo homem português, livre, rico e solidário. A Venezuela é o exemplo.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

Cachimbos de lá

William Harnett, O Clube, 1879.

Ética republicana

O ainda Presidente Cavaco vetou a lei da adopção gay e as alterações à lei do aborto aprovadas pela nova maioria parlamentar. Fez bem. Se tinha dúvidas na matéria (o que, por enquanto, não é crime), agiu em consciência e exerceu um poder constitucional. A telenovela de que o diploma entrou na portaria de Belém não sei a que horas não sei de que dia, e portanto já teria passado o prazo legal de veto, é supinamente ridícula. Mostra apenas um dos reflexos condicionados da esquerda: o de querer diminuir a liberdade alheia por decreto. Que essa liberdade seja a do Chefe de Estado democraticamente eleito, não passa para os nossos jacobinos de um pormenor. Acho que lhe chamam ética republicana.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

Engraçadismos

Afinal, a gracinha da "candidata engraçadinha" não era para ninguém em concreto, diz hoje ao DN Jerónimo de Sousa. "Já cá não está quem falou..."
É pena. Porque, na página ao lado, Fernanda Câncio descobre que muita gente do PS e de outros partidos burgueses, "até de direita", votou em Marisa Matias por "ser jovem e mulher". Ou seja, votar numa candidata engraçadinha é "discriminação" machista, mas votar numa candidata jovem e mulher é sinal de "mudança".
Estou com o camarada Jerónimo: não vejo a diferença. Pensava que o voto se decide pelas ideias, pela biografia, pelas qualidades humanas e políticas de alguém, e não por coisas tão discriminatórias como o sexo ou a idade. Mas parece que só os trolhas estalinistas pensam assim. Ou os trolhas e os estalinistas. Proletários de todo o mundo, uni-vos contra a criminalização do piropo eleitoral!

segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

Momentos surrealistas da noite

Marcelo, criador-mor de factos políticos, a proclamar o seu "gosto pela simplicidade, incutido pelos pais".
Nóvoa, com menos milhão e meio de votos do que Marcelo, a recordar que "por um voto se ganha e por um voto se perde".
Maria de Belém, incinerada por um acórdão do Tribunal Constitucional, a acabar o discurso com um "Viva a Constituição!"
Marisa Matias, eufórica, a responder a um jornalista que lhe pergunta o que é que correu mal à esquerda: "Se correu mal à esquerda, não foi a esta candidatura."
Edgar Silva, num lapsus linguae delicioso, a prometer aos fiéis que vai "continuar a sonhar com coisas impossíveis".

Que pena ser só de cinco em cinco anos.

Mais aforismas

No Depressão Colectiva.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

Quatro em um

Anda toda a gente a queixar-se da campanha das presidenciais, e do nível a que isto desceu, e da pobreza dos candidatos - menos a Maria de Belém, ao que parece, graças ao desvelo do Tribunal Constitucional -, mas talvez o problema seja a nossa falta de imaginação. E se, em vez de uma, virmos quatro campanhas?
Há, primeiro, a de Marcelo. Vencedor antecipado, todos concorrem contra ele, mas ele não concorre contra ninguém. Está acima do mundanal ruído, paira no olimpo mediático e apenas espera a formalidade da aclamação nas urnas para subir ao trono. O que deixa toda a gente lixada, incluindo os seus apoiantes, porque já se sabe que as eleições são um simulacro da guerra, tal como o futebol (dizem o Carl Schmitt e o Pacheco Pereira; não, não dizem que futebol é um simulacro da guerra, eles não falam de tais coisas; a do futebol é do Desmond Morris). Mas Marcelo tem um adversário de peso: o tempo. Quanto mais  o tempo passa, mais tem que descer à terra e enfrentar os Prometeus de bolso. Se não ganhar à primeira volta, pode muito bem perder contra uma frente de esquerda quinze dias depois. Daí a clara vontadinha de que a campanha acabe depressa e a ainda mais clara irritação com Nóvoa nos debates, pois o Professor, olha quem, já percebeu quem é o inimigo (como diriam o Carl Schmitt e o Pacheco Pereira; o Desmond Morris não sei, acho que não diria nada). Por outras palavras, Marcelo, sempre frenético, corre contra o tempo. Uma corrida deveras interessante.
A segunda campanha é a de Nóvoa contra Maria de Belém, ou seja, a dos costistas contra os seguristas. É um combate interno do PS, ainda que ambos tentem atrair às hostes elementos de outros partidos - sobretudo Nóvoa, cuja candidatura nasceu com o propósito declarado, hoje esquecido por todos excepto o Rui Tavares, de unir as esquerdas. No fundo, a campanha Nóvoa-Maria de Belém é a segunda volta das primárias socialistas entre Seguro e Costa. Ora, o que é que acontece se Maria de Belém ficar à frente de Nóvoa? (Nada, provavelmente, porque Maria de Belém, graças ao desvelo do Tribunal Constitucional, está agora na divisão da Marisa Matias. Mas sonhar não custa.) Irá Costa proceder a algum tipo de purga interna? Os ministros que apoiaram Maria de Belém serão demitidos? E os deputados idem, serão relegados para os bancos de trás do hemiciclo? Alfredo Barroso substituirá Jorge Coelho na Quadratura do Círculo?
Depois, temos a campanha pela hegemonia da extrema-esquerda entre Marisa Matias e Edgar Silva, que é o mesmo que dizer entre o Bloco e o PCP. Uma velha disputa entre seitas que, nas últimas legislativas, pendeu a favor dos bloquistas. Tudo indica que será de novo assim, mas nunca devemos subestimar o potencial bélico dos amigos de Pyongyang. Pelo sim pelo não, a CGTP já tem uma greve marcada para a semana seguinte, só por causa das coisas. Assim se vê a força do PC, mas, se Marisa ganhar por muitos, Costa vai olhar com olhos diferentes para os seus dois compagnons de route. Ou pensavam que isto era a feijões?
Por fim, há a campanha dos outros todos e os outros todos têm um traço comum: são os não políticos, os de fora do sistema, os outsiders. Desde Tino de Rans, o homem do povo, até Paulo Morais, o campeão anticorrupção. A mensagem é sempre limitada, mas pode ser muito mais eficaz do que esperamos. Basta pensar em alguns episódios recentes, dentro e fora de portas. Será curioso ver quem ganha por estas bandas, e ainda mais curioso ver qual a percentagem do protesto apartidário. Se chegar aos 20% de votos nas urnas, e a abstenção ficar perto 50%, ninguém nas outras três campanhas poderá cantar vitória.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

Então vamos acabar com o exame de código ( e de condução):

Estou-me nas tintas para se há ou não há exames. A  maioria  dos queridos jovens é tão interessante como uma aplicação de telemóvel. O que me interessa é  a ciência dos pedagogos. Tirei isto daqui mas pode ser lido por  aí:

"os exames são fatores de exclusão social, a avaliação contínua, com testes e trabalhos, é a mais justa e adequada, os exames não têm em conta o contexto do aluno".

Em que ciência se baseiam para dizer que a avaliação contínua com testes não exclui? Porquê? A exclusão está relacionada com o tempo da tarefa , é? 

Mais aforismas

No Depressão Colectiva.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

Obrigado, Dr Cavaco

Falhada a revolução e o segundo resgate, o seu crime foi não ter demitido a meio do mandato  um governo com o apoio  parlamentar de uma maioria absoluta. Não estranhem, a ditadura  democrática  portuguesa tem um entendimento  peculiar sobre a legitimidade  governamental.
Foi um PR anti-histérico num país de histéricos  e devemos-lhe isso.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

Ou foi pela barba?



Tiago Brandão Rodrigues, o novo Ministro da Educação, decidiu acabar com os exames no ensino básico e secundário porque "a cultura da nota é nociva". O argumento é arrasador, mas deixa-me uma pequena dúvida: como é que ele foi aceite no Doutoramento em Cambridge? Por simpatia?

terça-feira, 12 de janeiro de 2016

Declaração de voto de um desiludido

Dia 24, votarei Marcelo. É obviamente a única hipótese para um eleitor de direita que nunca se absteve ou votou em branco. Mas confesso que já estou um bocado farto de ter que optar pelo mal menor. Um gajo como eu, que não confia no bom senso da esquerda para gerir uma junta de freguesia, quanto mais um país, viu-se obrigado nos últimos anos a escolher entre Passos, Portas e, agora, Marcelo. Cansa. Mói. Dá vontade de emigrar para a América só para poder gritar pelo Bush júnior. Caramba, com tanto senador a andar por aí, não se arranjava melhor? E não, não estou a pensar no Santana Lopes nem no Rui Rio. O último candidato em quem votei por convicção foi o Cavaco, e só Deus sabe como ele me irritou com a história da ética da responsabilidade (no casamento gay, por exemplo). Bem sei que o respeito pela realidade é a primeira virtude de um conservador, mas não abusem da minha paciência.

Era bom que avisassem já

Se o Marcelo ganhar à primeira volta, a Maria de Belém, o Nóvoa, a Marisa e o Edgar juntam os votos contra ele?

sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

Para memória futura

Isto da Helena.
Na minha conta do twitter  também  açulei os mastins.

O horror ao Tino de Rans

Passam a vida a citar os  gregos e a herança helénica e afinal são romanos da linha de Cícero. MST, JPP, os batatinhas ( o Lopes copia o JPP, sem vergonha  nas bochechas,  na crítica aos  jornalistas)  e muitos outros.
E agora já se pode chamar incompetente ao Tribunal Constitucional  sob  a capa do "acho estranho".

Mais

Uma nova e curta série e o segundo nº dos humores, no Depressão Colectiva.