quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Fatwas e charlies: um textito meu antigo

Mui instrutivo livrinho. To cut a long story short, Rushdie decidiu fazer uma autobiografia, transpondo-se para um personagem,  ficcionado, Joseph Anton. O livro  é ( quase só)  sobre o Rushdie/ Anton alvo da fatwa  dos iarnianos e apoiada por muitos outros  defensores do profeta. Mais de 700 páginas que se lêem muito bem ( salvo as peripécias amorosas e conjugais) e  ensinam muito.
Escolho o primeiro ano da fatwa. Devem recordar-se dos muitos “mas” que acompanharam  a análise ao polémico filme  que ridicularizava Maomé, no ano passado. E tal , que aquilo não era arte, era uma porcaria ( quando dá jeito, a arte tem de passar a ser “elevada”) . Pois bem, “Os Versículos  Satânicos” são um livro de um escritor e um livro que ganhou prémios literários.  Melhor ainda: Rushdie não era um branco   ocidental  herdeiro do colonialismo .
Rushdie conta como ficou siderado pelo apoio de muita da esquerda  britânica ( da radical a alguns  deputados trabalhistas ) à fatwa. Noutros casos, cúmplices da fatwa foram recompensados. Aconteceu com Iqbalk Sacranie,  do Comité de Acção para os Assuntos Islâmicos do Reino Unido, depois  feito  cavaleiro   por indigitação de Tony Blair devido aos “serviços prestados  às relações comunitárias”.
As histórias de torpe capitulação são muitas, desde editoras que recusaram  publicar o livro, até ao recuo do ANC (sul -africano)  num convite para falar  num congresso, “porque os muçulmanos eram necessários para  a luta contra o apartheid”. Também há o registo de impecável gente de esquerda que  defendeu Rushdie: por exemplo, Susan Sontag ( fez campanha por ele nos EUA) e o grande  Edward Said.

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