sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

Risota

Não é a aumentar os preços de bens essenciais que o PS vai governar.

Tempos e vontades

Ainda bem que Tsipras não conhece  Raquel Varela e mais uma mão de cheia de esquerdistas  lisboetas, entre blogues e partidos, que se horrorizam com o "exemplo da frugalidade".
E o conselho de minstros transmitido ao vivo? Pois acho  muito bem. O Pacheco Pereira de  hoje também deve achar ( calculo) , o do tempo do cavaquismo ( enfurecido no parlamento com a promiscuidade entre jornalistas e deputados)  arrumaria  a iniciativa como  uma infantilidade populista e demagógica.

Bergogliamente falando

Está certo. As ofensas  não são só cartoons, os socos variam.

O INE, esse superego estatístico


O superego, para quem leu o Freud tardio e expurgado das maluqueiras iniciais, sabe que é apenas um esboço  do frágil equilíbrio entre a nossa selvajaria original e a culpa, essa conquista da civilização.
É  divertido um país que discute política à medida das previsões do INE.
Quando o INE diz que o desemprego sobe, a oposição gosta do INE e aponta o caos, o governo diz que é preciso ver o quadro geral.
Quando o INE diz que o desemprego baixa, a oposição recupera a emigração e o governo celebra a previsão do mês.

Elas, a desarrumação adiada e nós

No Depressão Colectiva.

quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

Ler, ler

Este artigo e a curiosa taxa de aceitação do Aurora Dourada e do Anel ( de Kamennos) entre os simpatizantes do Syriza.
A procissão ainda vai no adro.

Crónicas do Planeta Oval: Vem aí o Seis Nações (e a Inglaterra está à rasca, I say)

Faltam oito dias para começar o Seis Nações. É quase a última oportunidade de ver as equipas do hemisfério norte em acção antes do Mundial de Setembro, em Inglaterra, e daí uma certa expectativa. Os ingleses, que esperam vencer daqui a uns meses, estão fleumaticamente ansiosos, não só porque quando ergueram a taça William Webb Ellis pela única vez, em 2003, venceram antes a prova europeia, mas também porque têm sido perseguidos por lesões, o que os tem impedido de escolherem um XV-base consistente de jogo para jogo. Poor lads... A sua grande estrela, Manu Tuilagi, continua no estaleiro; Ben Morgan, o melhor avançado da rosa no Outono, também encostou às boxes; e até o certinho-que-nunca-inventa Farrell  resolveu seguir-lhes o exemplo. Resultado: o mister Lancaster, que já tinha várias dores de cabeça com a segunda linha (a forma de Atwood ou a experiência de Parling e Lawes?), o  formação (Ben Youngs ou Danny Care, que está a jogar melhor mas ofereceu um ensaio à África do Sul em Novembro?) e os centros (grandes e cepos como Twelvetrees e Burrell ou criativos e permeáveis como Eastmond e Joseph?), vê agora as opções limitadas também na terceira linha. A tal ponto que decidiu chamar Nick Easter, um veterano de 36 anos e méritos outonais. Que São George Ford lhes valha 10, ma nem isso é certo. Daí a inclusão do maverick Cipriani, com quem literalmente Lancaster nunca foi à bola. Para um favorito à vitória no Mundial, como eles querem convencer-nos (e convencer-se), são muitas hipóteses em aberto. Já parecem a França, só que a França está sempre a mudar porque Paris é a capital da moda e da revolução.
Talvez por isto, os olhos estão agora postos na Irlanda, que venceu a Austrália e os Springboks no Outono e superou galhardamente a retirada do herói nacional O´Driscoll. Ah, e perdeu com os All Blacks por um traumático ponto (no último minuto...) em Novembro de 2013. Sinal dos tempos, o Daily Telegraph, a voz do establishment britânico, incluiu nada menos do que sete irlandeses na sua lista dos melhores jogadores por posição do próximo Seis Nações, incluindo os médios Conor Murray e Sexton e o 13 Henshaw (esse mesmo, o sucessor de O´Driscoll). Mas o que deve ter doído mesmo aos bifes foi ver o eterno O`Connel na segunda linha e o jovem O´Mahony a asa fechado, o lugar de Robshaw, capitão da rosa e símbolo da era Lancaster. A mensagem é clara: Mister, os papistas estão a comer-nos as papas na cabeça - ou ganhas isto ou não chegas ao Natal. Se é que chegas a Setembro...

Tenho de deixar os alucinogéneos

Estive  a ouvir o fórum TSF e conclui que a entrada na União Europeia ( CEE  na altura) e o euro foi o pior que nos podia ter acontecido.
Há apenas quatro anos, só os "parolos miserabilistas" estavam contra um TGV fabuloso que ia ser em grande  parte suportado pelos ...fundos comunitários.
As drogas fazem-me ver palhaços por todo o lado, não compreendo, não compreendo...

quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Os misters

1) Aprecio imenso em Jorge Jesus a forma como ele assume publicamente, ainda no relvado, a responsabilidades dos fracassos.

2) Quem vão culpar pelo  empate contra dez? Escolha:

a) o árbitro, porque toda  a gente  sabe que mais difícil jogar contra dez
b) o Manel Fernandes
c) o Rogério Alves
d) a Gazprom
e) o Lucílio Baptista
f)  a conspiração mundial contra El Comandante Bruno de Carvalho
g) o Syriza
h) o Benfica

Num museu?

Devia ser de extremo mau gosto, não se pode ofender assim as pessoas...

Olho de lince


Não sabia que as marés e os gelos respondiam tão depressa à variação do preço do petróleo, mas concordo com a referência à visão penetrante de Obama: manteve Guantanamo, tentando assim limitar a fúria dos jihadistas.
Por outro lado,   com essa mesma  visão extraordinária , e com a ajuda  de Leon Panetta, instituiu uma lei de bronze nas áreas tribais do Paquistão e no Afeganistão: signature strikes. Definindo  toda a área ( o equivalente ao estado da Califórnia) como zona de guerra, qualquer homem era considerado  como potencial alvo. Assim, quando um drone matava um tipo , por exemplo, da rede Haqqani, mas também dois  amigos, três mulheres e duas crianças,  que com ele bebiam chá, na prática só tinham morrido jihadistas.

Narcísicos -marxistas

Se por cá nem à esquerda os egos se entendem,  quanto mais com o CDS...
E tenho fundadas dúvidas que, mesmo com uma crise grega,  as plataformas, os Podemos, os blocos, os tijolos e as moléculas de esquerda  se conseguissem entender para "salvar o povo e a Pátria" ( sim, já falam de Pátria).

Koree ilowoarak?

Vamos ver se os ricos doadores  suecos ou americanos se vão preocupar tanto com os homens masai como se emocionam com  a sobrevivência da  leoa Elsa ou do  elefante  Kalu.


terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Diário de um cínico

Talvez eu esteja ver mal, mas não compreendo o frisson à volta da vitória do Syriza. Houve eleições livres, ganhou um partido com um programa delirante e, agora, está a dar sinais de que não o vai aplicar. Acontece muito. Já nos esquecemos de Hollande, o último messias da esquerda? Enquanto o Dr. Soares diz que Tsipras é o futuro (como já disse de Hollande) e não há cão nem gato que se abstenha de cavalgar a onda (proeza manifestamente difícil para cães e gatos, como se imagina), o Syriza chamou para o Governo um partido de direita e repetiu que não quer sair do euro. O equilíbrio é difícil, mas não é impossível. Em todo caso, é antes de mais nada um problema dos gregos, os tais que votaram nas eleições. Esqueçamos, por momentos, a retórica inflamada da nacionalização da banca, que aliás aconteceu por cá mesmo sem o Syriza, e as ameaças de "Grexit" da Sra Merkel, que aliás se destinam a garantir uma posição forte à mesa das negociações.  O mais provável é que o Sr. Tsipras, engolindo a retórica e o orgulho, apresente um plano de renegociação da dívida à odiada troika, que se agarrará a qualquer possibilidade de pagamento, alargando prazos ou diminuindo juros, para salvar a face e (algum) dinheiro.
Eu ficaria mais preocupado com o terceiro lugar do Aurora Dourada. Porque, se o Syriza falhar e houver eleições daqui a um ano, a possibilidade de chegarem ao poder torna-se bem real. E isso, sim, assusta bastante. Não porque o seu programa seja menos delirante do que o do Syriza, embora em sentido muito diferente, mas porque seria a primeira vez que um partido de extrema-direita chega ao poder num país em risco de sair do euro. Ora, aquilo que a direita radical quer, por essa Europa fora, é mais radical do que "o fim da austeridade". Não é a renegociação da dívida, é o fim da União Europeia tal como a conhecemos. A União Europeia tem homéricos defeitos, entre os quais ter gerado a classe política que nos trouxe a este labirinto. Só mentes brilhantes como as da burocracia de Bruxelas poderiam ter entronizado Juncker, que fez do Luxemburgo um offshore secreto nas suas barbas. E só estas mentes brilhantes não percebem que o voto no Sr. Tsipras ou na Sra. Le Pen é um protesto contra o seu autismo. Mas a União Europeia, com todos os defeitos, deu ao velho continente setenta anos de paz e riqueza. Duvido que a Sra. Le Pen concorde comigo. Mais uma razão para ver se o Tsipras faz melhor.

Radio Patriotica de Alvalade

Atacar  a nuestro presidente es atacar la patria  y la revolucion. Toma cuidado Mr Danger...

A israelização da Europa ( III) : é a cultura, estúpido

1) O assunto da adopção gay não é menor nem uma simples causa fracturante. Só um tolo não entende que o tema lança raízes   nas mudanças culturais do que se convencionou chamar cultura ocidental.
A imaginação  forte é conservadora, defendia  Hofmannsthal, no sentido que apenas a experiência nos pode levar a lidar com pessoas que temos de imaginar, na sua essência, diferentes de nós.  E a experiência é conservadora, tanto quanto a inovação é revolucionária. Quero dizer, a experiência calcula, tenta, modifica à condição. O revolucionário  salva, rompe com  a tradição , abomina o passado, impõe a ordem nova.
A adopção gay  tem a sua inscrição  no individualismo suzerano, ocidental,  na molecularização das pontes  entre a aspirações individuais e o sentir colectivo. Na definição de Manchev: uma totalização privativa,  a privatização do campo do sensível.O facto de a ideia ser minoritária - "a  maioria das pessoas está contra" - não nos diz nada sobre  a qualidade  da proposta ( ou de outras).  Este artigo desmonta bem a a diferença entre a verdade objectiva da opinião e a regra da maioria: numa democracia experimental,  a regra maioritária  inscreve o poder de decisão mas não o da verdade.


2) A aspiração comunitária islâmica radical é  excêntrica à desmoralização democrática e observa um duplo papel, adaptando a fórmla de Aron ( que a usou para o marxismo): lá   serve para justificar o poder, cá para o criticar)- a mesma doutrina serve de fundamento  do totalitarismo consumado e de arma contra  as sociedades liberais. Não por acaso, os velhos serventuários do comunismo aproveitam  a colagem à crítica islâmica das democracias burguesas europeias. A propaganda islâmica agradece e  ataca os esquerdistas liberais.
Tudo isto é pouco novo.  Wassyla Tamtazi ( já a trouxe aos blogues na altura da publicação do livro) . Feminista argelina, escreveu  Une femme en cólere  ( Gallimard 2007) e nele menciona a manipulação. Na altura do l'affaire du foulard, o Le Monde publicou um documento asinado por intelectuais franceses de esquerda.  Explicavam que as piscinas unissexo, os casamentos escolhidos, o tapar o corpo, eram práticas talvez censuráveis mas essenciais para sobrevivência feminina no meio muçulmano francês e culturalmente identitárias. Tamysa encoleriza-se , sobretudo quando a sua recusa deste diferencialismo cultural lhe valeu, a ela, muçulmana, a acusação de islamofobia.
O Público trazia no outro dia  uma entrevista a Carlos  Jorge de Sousa, sociólogo, coordenador do novo Observatório de Comunidades Ciganas. E o que diz o senhor? Que apoiará um projecto de escolarização em que meninas ciganas  sejam postas numa turma só de raparigas: o ideal da interculturalidade é fundamental,  até porque nos EUA há turmas assim, com a opção pela virgindade. Como se vê, a langue de bois, com o seu vácuo estelífero,  não é exclusiva da propaganda islâmica integrista.



segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Alvalade-Caracas news

El Presidente Carballo   ataca a los ianquis borracherros que lo insultaran  a soldo de los imperialistas que quieren la destruicion de nuestra patria amada.


Excelente

Notícia para as pessoas que precisam do SNS.


Quase? Na histeria não existe "quase"

Meta-religiosos, fanáticos. Aliás, como muitos dos seus detractores:

Durante a entrevista, Henrique Neto falou ainda da legião socrática, tendo, aqui, referido que António José Seguro “foi vítima disso mesmo”. “Não era possível apaziguar o grupo de apoiantes de José Sócrates, eram quase religiosos”, sublinhou.

Kaì sỳ téknon?

Indecente.
Prometeram-me uma revolução na Grécia. Durante anos, sempre que  perguntava se ela tinha ido à casa de banho ou assim, explicavam-me que inevitável, a única forma de luta, que só um burro  não percebia.
Afinal é só mais um fala-barato social democrata e  em aliança com a direita nacionalista: "In truth, a SYRIZA victory will do little to revolutionize Greek society and much less to free Greece from the neoliberal shackles of the eurozone".

sábado, 24 de janeiro de 2015

Hummmm...

Se o Syriza falhar? Violência? Sim, sim, toda  a violência política é legítima, pelo menos enquanto não responsabilizam "fascistas infiltrados" por ela.

sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

Relativismos

O João Miranda  generaliza a partir de um caso de revistas cor de rosa. Bom para ele.
continua  a achar que isto é uma questão de moda e que uns doidos de uns activistas querem brincar  ao duque de Alba com os desgraçados dos companheiros equiparados  a autores de moscambilhas fiscais.
Bem, esta desgraçada  foi à esquadra queixar-se  de uma factura falsa, voltou para casa e deixou de ter problemas com o IRS.

adenda: e vão duas.

Também é duro, mas é verdade:

Sortear suspeitas, by Fernanda Câncio.
Pela minha parte, não contribuo para a  liquefacção geral.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

É duro mas é verdade:

"Os nossos opositores não conseguiram – porque é impossível – rebater a hipocrisia denunciada de uma ordem jurídica que permite a existência de famílias homoparentais cujas crianças têm uma só menção no registo, a adoção singular por gays e lésbicas que podem criar os adotados com os seus parceiros, mas que não admite a duas pessoas do mesmo sexo candidatem-se a adotar uma criança institucionalizada, numa lógica positiva de vínculo duradoiro  de amor".

A partir do momento em que congelamos embriões ( que passado o  prazo de vitalidade são deitados fora), em que o aborto por falta de motivação é permitido e  em que se alugam barrigas, por que carga de água é que o género humano é derrotado pelo facto de uma criança ter duas mães?

Inacreditável e pomposa paróquia

Na edição impressa, a notícia vem em página inteira. A enorme fotografia que acompanha a  notícia é do senhor Vexa  reitor e de uma senhora Almeida Santos. O premiado aparece em baixo numa foto tipo passe.

Pressuponho que

A Ana Matos Pires, do Livre, também seja uma vendida à propaganda do governo.
São dias de lixo, são.

Viva la vida

Ainda bem que não foi um compatriota do Che  encontrado morto,  com um tiro na cabeça, dias antes de apresentar provas do conluio entre  um presidente neoliberal , terroristas e petróleo.
Fomos poupados à indignação SIC-N/TSF de hora a hora e a um artigo do dr. Soares.


Antena islâmica

1) O Estado Islâmico vai ter  uma TV.
2) Nazeer tem razão: Bibi, cala-te.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

Por acaso discordo


Boaventura e os seus papagaios -  numa monografia que fiz  no primeiro ciclo do doutoramento em estudos asiáticos , na FLUP, mencionei um que citou abundantemente  Edward Said sem indicar na bibliografia  um único livro ou artigo do homem - esclerosados  ( Focault, Derrida, Fanon, Negri, Bhabha etc) podiam bem experimentar cá  em Coimbra. Estamos a precisar.

Emoções

A propósito das louvas a este ex anunciante de bancos, agora cantor de protesto, lembrar o carinho  que os bem pensantes  dedicavam  a esta querida dos portugueses em França.
Aliás, em linha com o respeito com que falavam das casas que eles faziam cá, dos carros que traziam e da pronúncia que usavam. Sempre empáticos, os bem pensantes, com os sacrifícios dos que eram obrigados a abandonar a Pátria, não era?

Entre os pingos da chuva

Não há nenhuma interpretação, nehuma declaração feita à pressa à saída de uma reunião,  nenhum tropos semiótico, foi isto.
O meu espanto, genuíno, é que este é o tal ministro "que já dirigiu uma empresa".

Sentimentalismos


No ano passado  trouxe aqui um golo do Bernardo Silva, já este ano trouxe outro. Um spetsnaz da linha oficial elucidou-me das duas vezes: "O André Gomes sim,  mas esse não vale nada / Todos os  pretextos são bons para atacar Jesus".
Cavaleiro, Cancelo, Bernardo Silva, André Gomes: em comum, benfiquistas nados e criados, não descobertos pelo génio técnico, que, até agora, em cinco anos, conseguiu a proeza de ganhar dois campeonatos e uma Taça. Já o outro génio, o gestor, tinha prometido que Bernardo regressaria ao Benfica. Claro que sim. entretanto os rapazes divertem-se:«Leões ironizam no twitter: Tentamos que os sportinguistas discutam os assuntos dentro do clube, mas não é fácil»,
No outro dia baptizei a minha cria mais nova na Catedral, no jogo contra o Guimarães, com homenagem ao Eusébio. Lembrei-me dele, lembro-me sempre dele e das benfiquices que trocávamos à distância, gritei, cantei o hino. 
Um dia gostava de me libertar  do Benfica.

terça-feira, 20 de janeiro de 2015

Já agora

Uma pergunta chata: e se o PS não sobe nas sondagens por causa de Sócrates?
OK, já cá não está quem falou.

Obrigado, Dr. Araújo


Ontem, quase por acaso, vi a entrevista de João Araújo, o advogado de Sócrates, ao telejornal da SIC. Uma entrevista muito esclarecedora. Não apenas sobre a estratégia da defesa de Sócrates, que passa, ao que tudo indica, por descredibilizar a acusação, atribuindo-lhe fugas de informação para o Correio da Manhã, motivos políticos e ausência de fundamentos. Já suspeitava que os tiros iriam por aqui, tendo em conta um célebre tweet da mulher do ilustre causídico (entretanto apagado) no dia seguinte à prisão do nosso ex-PM, mas ontem fiquei com a certeza.
Se esta estratégia é legítima ou eficaz, deixo a questão aos especialistas. O que, para mim, é muito mais esclarecedor é João Araújo não ter negado, quando o podia fazer, a veracidade da fuga de informação sobre a interferência de Sócrates na nomeação de Afonso Camões para director do Jornal de Notícias, com o explícito objectivo de combater o odiado Correio de Manhã. Por outras palavras, o ilustre causídico mostrou-se muito mais empenhado em descredibilizar a acusação do que em negar que um ex-PM tenha mexido os cordelinhos para condicionar a liberdade de imprensa. Também deixo esta questão aos especialistas e, em especial, aos Charlies do PS, sempre tão proclamatórios da liberdade de imprensa, da democracia e de outras coisas pelas quais fizemos o 25 de Abril e tal.
E deixo estas questões aos especialistas porque, até ontem, eu era o único português sem qualquer certeza sobre a culpabilidade de Sócrates no caso da "malandragem", como disse o Dr. Charlie Soares, que o colocou em prisão preventiva. Agora, graças à esclarecedora entrevista do Dr. Araújo, sei que Sócrates tem muito mais medo das acusação do Dr. Carlos Alexandre do que da acusação de mexer os cordelinhos para condicionar a liberdade de imprensa. Uma acusação tão grave como a de corrupção, parece-me. E andávamos nós preocupados com o Relvas. Obrigado, Dr. Araújo. Já posso acreditar no Correio da Manhã.

E é isto

Um clube galáctico.

Comentário do mês

"Fernando,Então viram na TV que havia gente a morrer nas urgências e a reacção é irem para as urgências?!"


segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

Política de drogas

Quando publiquei na Bertrand e na  Quetzal fugi das poucas que que tive de fugir, sob qualquer forma,  como diabo da cruz ( o que me valeu reprimendas várias), mas  este assunto é outra louça.
Entrevista minha à Helena Matos, do Observador.
( para ser acompanhada destes  textos)

domingo, 18 de janeiro de 2015

Em grande forma

O Vasco.

A israelização da Europa ( II)

Continuando  o iniciado aqui.


1) O passado colonial, o fardo do homem branco,  a culpa. Quer queiramos quer não, são  tópicos  que foram agora brandidos, como têm  sido sempre. Não interessam pelo seu valor retórico, apenas  pelo que deixam por dizer:  a legitimação do ataque reside no passado.
Em Israel, muito mais do que  contabilidade da guerra e  dos massacres,  é também o passado, o início do passado. No caso de Israel, o tropos colonial estende-se até  hoje. Neste debunking dos mitos sionistas omite-se, convenientemente, a razão da necessidade  da criação de Israel, desvalorizando a importância do holocausto.  De facto, o sionismo é pré-nazi, porque, em sede de perseguição aos judeus, os nazis foram apenas o apex letal de uma  longuíssima e recente ( os judeus praticam o incesto, os judeus usurários querem tirar-nos a Argélia etc ) história.

2) Não deixa de ser  curioso que, numa espécie de essencialismo  invertido,  as categorias colonial e imperial ( são coisas diferentes), na sua expressão   moderna,   só sejam aplicadas aos ocidentais. Antes do Great Game ou do Sykes-Picot,  entre o século XIX e o XX, Kangxi colonizou a Manchúria  russa e o Tibete.  O Japão colonizou a Coreia, a China sufocou ( e sufoca)  muçulmanos. Noutra zona, Ibn Saud funcionou como qualquer chefe de potência colonial e imperial para engordar o seu emirato de Riade, mais tarde o reino  saudita, anexando Al-Hasa e Qatif. 
Muitas etnias e culturas destas aventuras coloniais e imperiais  eram tão distintas com os  zulus dos britânicos, muita da crueldade foi exactamente igual.

3) Como em Israel, um pecado original afectará  então os europeus. Pouco importa  a tolerância diante das diversidades culturais,  a aplicação de mecanismos  de solidariedade, o reconhecimento - expiação - mediático e académico do pecado. 
Em 1958, Camus escrevia sobre a penitência perpétua:
"O tempo dos colonialismos acabou. E o Ocidente, que em dez anos deu  a autonomia a uma dúzia de colónias, merece por isso mais respeito, e, sobretudo,  mais paciência, do que a URSS, que, no mesmo tempo, colonizou ou  colocou sob um protectorado implacável uma dúzia de países de grande e antiga civilização" ( Chroniques algériennes,  1939-1958, tradução minha).
Agora comparem Camus com esta escangalhada de Manuel Loff .

( cont.)

Se não conseguem ter cabeça fria, arranjem outra:

"Assim que Sócrates foi detido, o próprio Afonso de Camões preveniu o Conselho de Administração da Controlinveste para essas conversas. Outra das conversas escutadas dá conta de Afonso Camões a dizer a Sócrates que preferia ser diretor do Diário de Notícias. O ex-governante, agora em prisão preventiva, disse-lhe que era melhor ser diretor do JN, para poder concorrer diretamente com o CM. Assim foi".

Em 2013, Sócrates não exercia qualquer cargo. É crime aconselhar um amigo?
Provem lá que os milhões são do homem e deixem-se de coisos de pino  à Luiz Pacheco.

sábado, 17 de janeiro de 2015

Antiterapia conjugal

Com Paulo aos Coríntios. No Depressão Colectiva.

Povo que lavas no riso

Falamos do povo, doemo-nos do povo, representamos o  povo: gostaríamos tanto de o conhecer.

A israelização da Europa ( I)

Aproveitando o desafio lançado pelo Miguel Serras Pereira , e também a propósito de vários dos  seus textos, aqui vai uma primeira fisgada que o Miguel  devolverá se  entender:


1) A europa tida com ex-colonial ( a ocidental)   foi engolindo milhares de imigrantes muçulmanos. Disse "engolir" de propósito: de onde e por que motivo vieram as modernas vagas de muçulmanos? Não foi da descolonização, isso é um mito. As segundas  e terceiras maiores áreas  de população islâmica na Europa  não têm passado colonial : a Alemanha ( deixemos de lado a anedota do  Rovuma e a da Namíbia)  e a Bosnia Herzegovina. A primeira, a França, tem de facto um passado colonial, mas não foi a descolonização o factor  migratório. A vaga de 1955-1973 não tem a ver com descolonização enquanto  processo em si mesmo. Foi  essencialmente operária: uma relação simbiótica entre a França  industrial e os imigrantes que escapavam à miséria dos seus lugares  de origem. Quanto à vaga pós-colonial, sobretudo a argelina, Camus recebeu o desprezo da intelectualidade francesa bem pensante ( com Sartre à cabeça) quando rejeitou De Gaulle tanto quanto abominou os façanhudos islâmicos da FLN.

2) Integração substancial, percepção conflitual é uma boa fórmula usada por Stefano Allievi, que também centrava ( em 2005)o problema:
" So the problem precedes geo-politics and terrorism, and has profound roots and a symbolic overload that must be held in consideration. Only this can explain the fierceness of certain attitudes to Islam circulating in the European public space, in which sometimes it would suffice to substitute the word “Jew” for the word “Muslim” to understand their gravity and negative potentiality. 

3) O factor religioso ofusca o factor político.Tanto as primeiras vagas de imigração  como  as recentes vêm de países onde a democracia é uma coisa com penas ( adaptando  a definição que Dickinson deu da esperança).  Edward Said não hesitava: Democracia, no seu sentido real, não se encontra em lado nenhum no médio-oriente nacionalista: só existem oligarquias privilegiadas ou grupos étnicos privilegiados. A grande   massa de pessoas  é esmagada sob o peso de diataduras ou  governos irresponsáveis ( Culture and Imperialism, 1993, pp300).
A Europa democrática  e respeitável  só raspou ao de leve na cultura  tribal, étnica e pré-democrática. Em nome  da hospedagem sem reservas ( Derrida) os muçulmanos ( nas suas varições étnicas  e religiosas) nunca foram incomodados com  a regra do jogo. Compreende-se. Massas de trabalhadores subqualificados, arrumados em subúrbios mais ou menos  imundos, tinham o direito de viver como queriam: uma versão  actual dos proles de Orwell. Ainda hoje,  muitos se horrorizam com a tentativa  de proibição  de niqabs e burkas no espaço público como se isso pudesse esconder a sharia  doméstica  nos espaços privados.

4) Um primeiro esboço da israelização. 
Asquenazes, sefarditas, cristãos, cristãos-árabes, druzos, ortodoxos herdeiros do espírito pioneiro dos russos socialista-sionistas,  sabras, palestinianos etc. Este meu colega resume as realidades de adaptação da diversidade étnica e religiosa  em Israel sob o ponto de vista cognitivo. Serve apenas para dar uma ideia do mosaico.
Mordechai Kedar e Mohamed Mustafa  vão directos ao ponto: a sobrevivência política do movimento islâmico nas eleiçoes para o Knesset, as suas relações com a componente religiosa  e reivindicativa ( Palestina, terra original etc)
Israel tem a experiência dos três pontos europeus  anteriores. A israelização da Europa é uma fórmula que não permite decalcagem exacta, como é evidente. É uma ferramenta para poder pensar a fase actual  de um processo europeu iniciado nos anos  50. E uma das faces é a percepção conflitual, aqui, na Europa, acomodada num acolhimento  de exclusão. Como em Israel.


Paris não vale uma missa


Telegraficamente, que o tempo falta, vou meter a minha colherada no debate que aqui em baixo travam o Filipe, o João Távora e o Miguel Serras Pereira (uma trindade nem sempre santíssima, mas muito recomendável).
Em primeiro lugar, parece-me uma distracção esperar que o Papa, pastor de uma Igreja perseguida ou minoritária nos países islâmicos, se pronuncie a favor do direito irrestrito à blasfémia. Seria atirar gasolina para a fogueira, acto imprudente apesar do petróleo mais barato. O Papa está tão preocupado com as vidas dos cristãos na Síria ou no Paquistão, que não têm quem os defenda, como com as vidas dos cartoonistas em França, que todos defendemos. Paris não vale uma missa e Francisco é um líder global. Deve falar, até porque será ouvido em todo o mundo, tanto da democracia no nosso quintal como da paz no quintal vizinho. Se é que se trata do quintal vizinho: os muçulmanos contam-se aos milhões por essa Europa fora. Não sejamos provincianos.
Em segundo lugar, o Papa nada mais pediu que o famoso bom senso no uso da liberdade de expressão e não qualquer tipo de limite legal à liberdade de expressão. Mais do que a lei, o Papa apelou à prudência, ao respeito pelos outros, à caridade, na linguagem cristã. É uma posição mais pastoral e do que doutrinal, semelhante, mal comparada, à que teve na polémica da admissão dos católicos recasados aos sacramentos. Ninguém acredita, suponho, que isso implique o fim da doutrina da Igreja sobre o casamento. E ninguém acredita, suponho, que a Igreja, já habituada a viver em democracia, queira agora inverter o rumo. Muito me admiraria se Francisco estivesse a pensar na criminalização da ofensa à religião. Se estivesse, aí sim haveria razões para alarme (como, de resto, sugere o Miguel Serras Pereira).
Em terceiro lugar, o que Francisco indicou, no seu estilo peculiar, é apenas um conselho prático ou mesmo um desabafo. Não é uma encíclica, não é um documento conciliar, não é uma declaração dogmática. Ao contrário do que por vezes se julga, nem tudo o que o Papa diz tem o mesmo valor moral ou vincula os católicos do mesmo modo. Em consciência, nada me obriga, como católico, a verter na lei, canónica ou civil, palavras papais de circunstância, assim como nada me obriga a ser sócio do San Lorenzo de Almagro só porque Bergoglio também é. Claro que o apelo à caridade no uso de um direito democrático deve ser bastante mais ouvido pelos católicos, e por todos, do que uma preferência  futebolística. Mal estariam os católicos, e todos, se não o ouvissem e desenhassem os exactos contornos da liberdade pelos da blasfémia e os da democracia pela capa do Charlie Hebdo. O que é muito diferente de querer recortar a liberdade de expressão, incluindo a do Papa.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

A mostarda no nariz

O João diz que  há por aí uma interpretação maldosa destas palavras do Papa.
Ora:
De facto está lá a condenação da reacção violenta, mas também está lá a normalidade do soco
Ora, João, massacres de  jornalistas parisienses  com AK-47 é tudo menos normal. E sabes porquê? Porque o Charlie Hebdo já representou o Papa em alegre sodomia e nenhum católico foi lá  metralhá-los.
Como nunca fiz parte dos tolinhos que querem uma ICAR  sem as traves da ICAR, compreendo bem a posição do Papa, que é tudo menos nova: respeitinho. O tempo dirá  o  que  o alinhamento lhe trará*.

*adenda: nem de propósito: igrejas destruídas.

A suivre

Com muita, muita atenção ( e de nariz tapado se for verdade).

Há muita falta de memória

E de vergonha nas trombas: em 2009 o caos da gripe nos hospitais também foi culpa nos neoliberais?

quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

A israelização da Europa, exemplos:

Une dizaine d'autres opérations policières ont été menées simultanément dans la région de Bruxelles : à Bruxelles-Ville, à Molenbeek, à Schaerbeek, à Vilvorde et à Zaventem, pour ce qui apparaît clairement comme une tentative de démantèlement d'un vaste réseau islamiste. Il préparait sans doute des actions simultanées. La menace visait les services de police, a précisé le parquet.

É só rir quando se vê o debate centrado na "liberdade de expressão" e na "austeridade". Na Tchetchénia, no Curdistão, na Nigéria e  no Mali, devem rir a bandeiras despregadas.

O que Maomé não disse do toucinho

Pois é, afinal não somos todos Charlie. A Oxford University Press vai banir dos seus livros palavras relacionadas com porco e derivados (salsichas, por exemplo)  para poupar os muçulmanos e os judeus à ofensa. Teses da casa sobre o Animal Farm de Orwell estarão incluídas? O cartoon de Luís Afonso no Público de hoje, que aqui não consigo reproduzir por incompetência informática, diz tudo. Para afogar as mágoas, vou comer um chouriço. Enquanto não é proibido.

Diário de um cínico

Convém continuar a olhar para a Turquia, se queremos perceber os rumos do Islão no futuro próximo. Não basta prestar atenção a Paris e à Síria. Até porque a situação não é nada simples.  É sabido que Erdogan se tem esforçado, com muito empenho e aparente sucesso, por redefinir a laicidade no país do Sr. Ataturk. A autorização do uso do véu islâmico, após décadas de proibição, ou a chocante interdição da capa do último Charlie Hebdo (afinal, do lado de lá do Bósforo nem tout est pardonné), apontam nesse sentido. Por outro lado, o Governo deu recentemente luz verde à construção de uma igreja cristã siríaca em Istambul, a primeira em território turco desde o fim do Império Otomano. É um acontecimento histórico, que por cá passou despercebido, como não podia deixar de ser. Na própria Turquia, há quem diga que se trata de um gesto de fachada e que a discriminação contra a minoria muçulmana não sunita e contra os tolerados cristãos, de resto uma uma herança do sistema islâmico da dhimma, se vai manter. Talvez sim, talvez não. Vamos esperar para ver. Em todo o caso, é um gesto positivo, mesmo que se deva mais ao crescente número de refugiados siríacos provocado pela brutal guerra civil no país vizinho do que à boa vontade do regime. Um caso a seguir com atenção.

Serviços mínimos ( 6)


1) Também é ofensivo escrever "porco" , não é? Perguntem aos idiotas, há muitos por aí, mas também aos que  já vendem, e venderão  ainda  mais,  a liberdade bem cortadinha em fatias,  chamando "respeito" à ganância.
2) Sabem o que é que este suposto  "jihad expert "disse? Perguntem a David Cameron. 
3)" Estou pronto a perdoar um homem que prove, por actos, não por palavras, que deixou de ser o que era "( Primo Levi, entrevista a Giorgio Calcagno, La Stampa,  26 Julho de 1986).
4) Um sossego: dois penaltizitos  perdoados ( lixando Braga e Boavista) e deixaram sossegada  a conspiração interplanetária contra o Sporting. A isto, menino, chama-se calimerismo catatónico.
5) Um bom sintoma? Muito. Muito bom sintoma, da raiz  sym-piptein:  "juntos caímos".

até amanhã.

quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Serviços mínimos ( 5)


1)  A família primeiro,  diz o homem que a TSF ouve sempre que se trata em malhar em qualquer  ( nem o sorteio da facturas escapou) medida  fiscal do governo : pois claro, a família.

2) Vulgar canalha? Um defensor do Estado de direito e oncologista de fino trato com pós-graduação em medicina legal, mestrado em lançamento de búzios e doutoramento em extermínio do povoléu dos shoppings.
Isto chama-se ética, classe, superioridade moral, menino.

3) O Eixo dos Amigos.

4) A melhor notícia do ano.

5) A quantidade de idiotas ( pseudo-liberais e  cripto-fanáticos religiosos) que continua a pretender não distinguir o apelo directo ao mortícinio do humor corrosivo ( só porque prenderam um camarada que gosta de fazer saudações alusivas a um orgulhoso momento da História europeia do genocídio, o que segundo os idiotas  e juedofóbos também é apenas humor), só surpreende quem não estuda a idiotia.

6) O azar dele foi  não ter sido secretário de Estado de Sócrates, por isso os bloggers liberais e os moralistas do Portugal profundo ignoram-no.

até amanhã.

Abriu

É novo, está por lá  a Ana e tem bom aspecto ( ainda que com o Chomsky no cabeçalho - podiam ter escolhido um aldrabão 2.0 ).

terça-feira, 13 de janeiro de 2015

segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

Serviços mínimos ( 3)

Isto pode ser  desespero amador,  mas também é muito divertido: liberdade para o grande educador da verdadeira amizade.

Serviços mínimos ( 2)

A israelização da Europa começou há  mais de trinta anos, fizeram-nos uma caricatura e nem assim alguns compreendem. 
Ainda se mantêm agarrados às velhas fronteiras de Metternich, à moscambilha de Ialta e ao tempo dos telegramas.

Serviços mínimos ( 1)

Não me ajeito ao twitter, estarei com menos tempo, ficam assim decretados os  serviços mínimos.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

A outra loba com pele de cordeiro

A cadeia Al-Jazeera faz eco da teoria: então os irmãos Kouachi eram suspeitos e não foram presos por intenções malvadas?
Ou seja: com uma mão brandem o racismo , com a outra fingem querer processos de intenções. Para depois bramar  outra vez contra  racismo e a xenofobia.
E, entretanto, a culpa da austeridade,  como dizem os idiotas.

Também

me parece.

Da imbecilidade: não aprendem nada, não esquecem nada


1) Sim, sim, mais dinheiro, emprego e festas culturais farão com que a esmagadora maioria dos muçulmanos já pacíficos  não sejam terroristas. É esse o missing link: estarrecido com tanto conhecimento do "fenómeno".

2) "Não podemos passar a um estado policial e à xenofobia",  mas  "isto é tudo muito estranho: então os suspeitos já estavam referenciados e deu-se o atentado à mesma?" ( devia  estar  a sugerir  a decapitação preventiva).

quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Fatwas e charlies: um textito meu antigo

Mui instrutivo livrinho. To cut a long story short, Rushdie decidiu fazer uma autobiografia, transpondo-se para um personagem,  ficcionado, Joseph Anton. O livro  é ( quase só)  sobre o Rushdie/ Anton alvo da fatwa  dos iarnianos e apoiada por muitos outros  defensores do profeta. Mais de 700 páginas que se lêem muito bem ( salvo as peripécias amorosas e conjugais) e  ensinam muito.
Escolho o primeiro ano da fatwa. Devem recordar-se dos muitos “mas” que acompanharam  a análise ao polémico filme  que ridicularizava Maomé, no ano passado. E tal , que aquilo não era arte, era uma porcaria ( quando dá jeito, a arte tem de passar a ser “elevada”) . Pois bem, “Os Versículos  Satânicos” são um livro de um escritor e um livro que ganhou prémios literários.  Melhor ainda: Rushdie não era um branco   ocidental  herdeiro do colonialismo .
Rushdie conta como ficou siderado pelo apoio de muita da esquerda  britânica ( da radical a alguns  deputados trabalhistas ) à fatwa. Noutros casos, cúmplices da fatwa foram recompensados. Aconteceu com Iqbalk Sacranie,  do Comité de Acção para os Assuntos Islâmicos do Reino Unido, depois  feito  cavaleiro   por indigitação de Tony Blair devido aos “serviços prestados  às relações comunitárias”.
As histórias de torpe capitulação são muitas, desde editoras que recusaram  publicar o livro, até ao recuo do ANC (sul -africano)  num convite para falar  num congresso, “porque os muçulmanos eram necessários para  a luta contra o apartheid”. Também há o registo de impecável gente de esquerda que  defendeu Rushdie: por exemplo, Susan Sontag ( fez campanha por ele nos EUA) e o grande  Edward Said.

Nous sommes tous Charlie


A propósito dos posts do Filipe sobre o atentado de ontem e sobre a velha polémica das caricaturas de Maomé, vou repetir algumas coisas que escrevi na altura. Infelizmente, idiotices como a de Ana Gomes, que atribui o radicalismo islâmico às políticas ocidentais, ainda me surpreendem. Não é novo e já aconteceu no 11 de Setembro, mas dá-me sempre volta ao estômago.
O atentado volta a colocar ao Ocidente uma pergunta difícil: numa sociedade laica, como conciliar a liberdade de expressão com o respeito pelo sagrado? Ou de uma forma mais crua: em democracia, a religião pode impor limites à liberdade?
Para muitos, a resposta é apelar ao bom senso e ao bom gosto. Mas esta resposta a nada responde, porque o bom senso e o bom gosto não se decretam.
Então, o “direito à blasfémia”, como alguns lhe chamam, sobrepõe-se à legítima "exigência de reconhecimento" de uma comunidade, para usar o conceito de Charles Taylor?
Em certo sentido, e no sentido muito concreto que aqui nos interessa - sim. Onde há qualquer forma de representação do sagrado, há a possibilidade dialéctica de blasfemar. Uma cultura que jamais desrespeitasse os símbolos do sagrado, hipótese meramente académica, seria talvez uma cultura sem símbolos do sagrado. A blasfémia é a outra face do sagrado.
 Na verdade, quase podemos distinguir as sociedades pela forma - muito variável e sempre objecto de compromisso - como regulam essa dialéctica. Mesmo na Europa medieval, a Inquisição convivia com a mais desbragada sátira anticlerical. Porque é que, no século XXI, não conseguimos mostrar respeito pelo Islão sem relativizar os crimes que se cometem em seu nome?
A secularização da Europa actual, que choca com o integrismo de alguns muçulmanos europeus, leva a que as caricaturas sejam vistas de forma muito diferente por "nós" e por "eles". Para "eles", que não permitem a representação de Alá e Maomé excepto pela palavra, as caricaturas são uma ofensa grave. Para "nós", que há dois mil anos representamos Deus sob os traços de um recém-nascido ou de um condenado à morte, são um mal menor.
É uma diferença da qual devemos estar conscientes, sem nunca hipotecar a liberdade de expressão à liberdade religiosa. Se hoje todos os crentes são obrigados a tolerar um certo desrespeito pelos símbolos da religião, isso deve-se a uma situação de maior liberdade dos não crentes. Ainda bem. Trata-se de uma conquista civilizacional e de um fundamento da democracia. E quem não compreende isto merece a liberdade de rezar a Alá ou de tweetar idiotices, mas não a nossa compreensão.

Solidão

Dois casos, no Depressão Colectiva.

Stop


Nem pensar em dar razão a estes idiotas. Aliás, quem estuda o integrismo islâmico sabe muito bem que movimentos como o FN são o que mais próximo existe na Europa dos xonés do califado.
Essa proximidade, retomando a taxonomia de Eisenstadt, é visível: regeneração, projecto salvífico, retorno à pureza primordial, recusa do presente. O facto de hoje o FN recolher o voto de protesto anti-austeridade é a pele de cordeiro.

quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

"Je suis Charlie " uma ova....


É  interessante reler as opiniões e o debate quando o semanário publicou as caricaturas de Maomé. Não sei se se recordam que muita gente pôs água na fervura: "ohlálálá... e tal, também eram exageradas, há que haver respeito, etc". E é interessante recordar que muitos destes arrefecimentos vieram de católicos e, de entre estes, de fanáticos anti-judaicos, mas também de cosmopolitas: lembro-me de uma equivalência particular que recordava  "os protestos da  Igreja quando foi exibido o Je vous salue Marie do Godard". Como se fosse tudo igual.
Faço uma  antena islâmica há cerca de oito anos e acontecimentos destes não me espantam. O  debate  há muito me  interessa ( aqui numa troca com o Daniel Oliveira a propósito do assassínio  de Theo van Gogh). As coisas evoluíram muito, hoje seria  impensável muçulmanos como  Soroush ou Shabestari  viverem sem protecção policial. E aqui bate o ponto.
Se querem ser Charlie, os media portugueses podem começar por publicar caricaturas de Maomé. Depois falamos  de "solidariedade". Até lá é paleio. E cagaço.

Nous sommes tous Charlie Hebdo , pour Maomé!

 O patrulha de serviço na TSF,  lépido e azougado, marcando o passo de botas cardadas:


Já vimos isto com o 9/11: canalhas e ingénuos acreditaram que os EUA expiaram os males imperialistas na região ( o único país islâmico  até então  invadido tinha sido o Afeganistão  e pela ...URSS), desconhecendo, porque não estudam,  o que levou, de facto, ben Laden a ordenar o ataque. 
O que é asqueroso  é que se tiver sido o FN a fazer isto, os mesmos queridos não virão com  a lengalenga da desculpa  do "quiseram a  islamização francesa, agora sofram as legítimas consequências".
Legítimas consequências também sofrem curdos, sírios, cristãos, xiitas, todos imperialistas ocidentais  não é?

Espectacular

Dois trimestres  de desemprego a subir e :

a) o INE já não está ao serviço do governo.
b) Os media que noticiam o INE já não são agentes de propaganda governamental.
c) A emigração já não mistifica o desemprego.
d) Afinal o emprego não mente, afinal os estágios não funcionam.

Nunca vi tanta sede ( há vinte meses que tínhamos  melhorias):  a densidade ético-intelectual  é o novo cluster português.




Bocage/Pascoli

Uma combinação de melancólicos sobre  a morte.
Pascoli, Giovanni Pascoli ( 1855-1912) , viveu com a morte. O pai foi assassinado,  a mâe, a irmã e dois  irmãos morreram novos. Carducci foi o  mentor  de uma poesia simples feita do Decadentismo e da morte, do fresco  Verão da morte que chega em silêncio:

Sillenzio, intorno: solo, alle ventate,
odi lontano, da giardini ed orti,
di foglie, un cader fragile. È l'estate,
fredda, dei morti.

Bocage, infelizmente famoso apenas pelos sonetos eróticos, tem apologos tensos, embora  bem humorados, sobre a morte:

A morte era uma idiota
Antes de aforismos ter;
Mas depois da medicina
Já sabe ler e escrever.

Antena islâmica

1) Made in prison fashion.
2) Social  media no Qatar.

segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

É ler e aprender ( sobretudo os homens)

Com o Frederico.

Ora vamos cá ver se as so called prostitutas reagem

 Por exemplo, chamando IM de  Sarah Palin medieval, cripto-fascista etc:
 Isabel Moreira, Barca do Inferno Tvi 24: "É uma prostituição as pessoas ( cronistas)  que escrevem no Correio da Manhã".
Assim de repente, entre cronistas e ex-cronistas: António Costa, Marinho Pinto, Joana Amaral Dias, Fernanda Palma, Eduardo Cabrita.
Este país é um aborrecimento quando não é uma Jonet a abrir  a boca.


Pois é

“Globalmente, [no período 1999-2004] o custo social
da toxicodependência registou uma diminuição
de 11 %, a qual se deveu sobretudo à diminuição do
custo social (direto e indireto) das consequências da
toxicodependência (hepatites, infeção por VIH, morte
prematura) e também à diminuição dos custos (diretos)
associados à presença de infratores da lei da droga na
prisão”, o que sugere que “de entre todos os elementos
da Estratégia Nacional de Luta Contra a Droga, as
políticas de redução de danos, por uma lado, e, por
outro, a descriminalização do consumo, ao retirar a natureza
criminal [...] terão tido um papel preponderante
na redução do custo social da toxicodependência”.
(Gonçalves, 2011)



Adivinhem quem foi o estratega.

Extravagante ( 3)

Não é só com Sócrates que o fascismo regressou. Sempre que há um socialista em apuros, o fascismo espreita.
Assim  foi com Maria de Lurdes Rodrigues, Luís Monterroso, Armando Vara e Abílio Curto:


Por outro lado, in illo tempore ( 2010) , dizia Soares: 



Os popós

Que tanto incomodam os tremendistas tácticos.

domingo, 4 de janeiro de 2015

Cada vez melhor

A guerra às drogas. O ópio birmanês regressa, ao fim de decádas, como já aqui tinha referido; atentem na justificação:


Há dez anos não havia pobreza e militares  corruptos?   Havia. Então por que é que sobe pelo sétimo ano consecutivo?
Em breve um breve retorno a isto e algumas respostas. Entretanto, se quiserem, consultem.

Extravagante ( 2)

Pergunta inconveniente: por que motivo, ao fim deste tempo todo, ainda não houve uma notícia-fuga sobre um acto concreto ( suspeita)  de corrupção no meio das centenas de negócios ditos suspeitos  de Santos Silva?
Não há um contabilista, um administrador não-executivo, um estafeta, um concorrente preterido e  ressabiado que queira falar?
Regressando a Barthes: o trajecto que separa o "sim" do "mas" é toda a incerteza dos signos.

Claro

Para este não há vídeo a mostrar como se enterrou  o país.
Dito de outra forma: é socialista, mas não é do PS.

Extravagante

Aproveito uma expressão que  Barthes usava a propósito da recusa da crítica colectiva : encontrar aquilo que foi ferido. Mário Soares exorta Cavaco a intervir  na medida de coacção que um juiz decretou,  as redes sociais remexem-se na proximidade.

sábado, 3 de janeiro de 2015

Vida muito difícil

Lembro-me de uma vez  em que ele convenceu o dono de um bar de que o estardalhaço que fazíamos se devia às próprias características do bar. O homem acabou a pedir desculpa.

Janus e os tolos

O Ano Novo no Depressão Colectiva.

Torturado

Percebo tudo, tudo, tudo. Precisa de dinheiro, o amigo empresta. Como pagaria não me diz respeito. Também percebo que o MP e o juiz não podem ser estúpidos ao ponto de apenas desconfiar "e sem provas algumas" mandar prender à cautela.
O que  não entendo é onde cabe a necessidade de liquidez satisfeita por um amigo no pedido para este comprar 200.000 euros de exemplares do livro sobre  a tortura ( fuga de info  não desmentida).

sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

A esquerda pequeno-burguesa

Vive  com o manual  da perfeita pequeno-burguesia - o sushi, os SUV,  o Dubai, o escrutínio do estatuto social do futuro genro, a escolinha católica para os petizes, o regateio da conta da mercearia, o gozo com a maison do emigrante e com os de Massamá  - enquanto proclama a igualdade e adora  a boina do Che.
No fundo, quase que gosto dela porque desse mato nunca sai cachorro enraivecido. Antes pelo contrário.

Fica-vos muito bem



Alguns calimeros não gostam? Temos pena, o boneco falante do presidente é assertivo.
Andam desde o início da época  a ver conspirações e campanhas negras  em cada fora de jogo, em cada penalty, em cada frase,  em cada empresário, em cada crítica.
( tenho pena pelo Paulo Gorjão, que nunca se calou contra o silêncio de BdC, mas é  a vida...)

Indiscutível bom mau gosto

Sou suspeito porque arrasto o pobre do Kierkeggard há anos, nos livros, na "Ler" nos blogues, até contra o Prof. Picoito que em tempos  desdenhou  da filosofia conjugal do dinamarquês por falta de experiência deste. O René Char, que em Portugal  é representado pelo Mário-Henrique Leiria de mãos dadas com o Cesariny e o meu caríssimo Jorge Braga, esse é ultra-especial mas não vos vou maçar com malhas  na actual poesia portuguesa.
Agora, metidos a martelo nesta coisa  porquê? Telescola?