quarta-feira, 16 de julho de 2014

Crescei e multiplicai-vos, mas sem chatear o patrão


As propostas feitas  pelo Governo para promover a natalidade, na sequência do trabalho da comissão presidida por Joaquim Azevedo, são um bom sinal. Finalmente, alguém avança com ideias concretas - em vez carpir a insustentatibilidade da segurança social no famoso longo prazo.
Mas temo que não mudem muita coisa para já, mesmo se levadas à prática (se, sublinho). 
Por um lado, desconfio sempre de planos estatais para mudar comportamentos pessoais, e a decisão de ter filhos é das mais pessoais.
Por outro, acredito que o factor decisivo na baixa natalidade dos portugueses é a cultura antigravidez de muitas empresas e a discriminação das mulheres no mercado de trabalho. Não se pensa em aumentar a família quando a maternidade traz o risco de desemprego.
Como mudar isto? Não sei, ninguém sabe, mas sei que não é facilitando a arbitrariedade do empregador. Se o Governo quer que os portugueses tenham filhos, deve proteger os direitos laborais dos portugueses que querem ter filhos. Lapalissiano. Caso contrário, ficamos pelas boas intenções. E de boas intenções está o infértil cheio.

4 comentários:

  1. diz-me a fiscalista cá de casa que há dez anos pelo menos que um casal sem filhos com rendimento 10 paga o mesmo( a linguagem é outra...) do que um casal com 3 filhos e rendimento 10.
    Isto é imbecil.

    (sou eu, FNV)

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  2. É imbecil e é apenas um exemplo. Há outros. As coisas não estão feitas para facilitar a vida às famílias.

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  3. Não estou assim tão certo da relação directa entre maior prosperidade, ampliação de direitos instrumentais ou funcionais, apoios materiais vários e avulsos, e taxa de natalidade! De outro modo, estou em crer que previnem uma maior diminuição da taxa de natalidade. De algum modo atribuem segurança (e alento) a quem quer ter filhos!!
    Poderemos conceber os casais que não querem ter filhos e os casais que prescindem de ter filhos!! Parece-me que o caro Picoito está apenas a referir-se aos casais que prescindem de ter filhos ou estarão relutantes em prescindir de ter filhos, casos em que os programas de incentivo podem funcionar!!

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  4. É óbvio e evidente, as letrinhas deviam andar por ali, que os relutantes não são despiciendos e, consequentemente, os tais "programas de apoio" serão virtuosas, nem que seja para prevenir uma diminuição ainda mais acentuada da natalidade!!
    De outro modo, porque é que há, cada vez mais, casais que não querem ter filhos!!? (nem um, leia-se)

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