terça-feira, 20 de maio de 2014

Fragmento de esquerda

Segundo o Público, Joana Amaral Dias desfiliou-se do Bloco de Esquerda dois dias antes de aparecer num comício do PS. Depois do afastamento de outras caras mediáticas, como Ana Drago ou Rui Tavares, é mais um sinal da lenta agonia do partido. Houve um tempo, não muito longínquo, em que o Bloco chegou a ameaçar a hegemonia do PCP na extrema-esquerda, graças ao carisma de Francisco Louçã, à militância das causas fracturantes e a muita água benta da comunicação social. Entretanto, Louçã foi embora, as causas fracturantes foram anexadas por Sócrates (que também anexou Miguel Vale de Almeida) e até os jornalistas começaram a descrer um bocadinho.
O BE, que nunca teve grande implantação nos sindicatos ou fora dos meios urbanos, sofreu com a crise. Aspirando a ser o Syriza português, descobriu-se um belo dia na bancarrota eleitoral. O voto de protesto tinha fugido todo para a off shore comunista.
Agora, o mais provável é que o BE eleja apenas Marisa Matias para Estrasburgo. Se a este recuo juntarmos a fraca votação que as sondagens atribuem ao Livre, parece que já pouco resta do seu velho eleitorado. Já não é o Bloco - é o fragmento de esquerda.

2 comentários:

  1. Ou de como ser incapaz de ir a uma reunião (troika) a que não apetece estar presente pode deitar tudo a perder. O PC também não foi, mas aí nunca houve ambiguidades quanto a uma aliança de governo com o PS, o charme discreto que animava os bloquistas e parecia ser a chave para retirar 15% do eleitorado do gueto do mero protesto.

    XisPto

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