segunda-feira, 12 de maio de 2014

Cristalino

"A ser verdade, o corolário lógico desta tese é que, se na próxima bancarrota portuguesa o bancos alemães não estiverem envolvidos, estaremos por nossa conta, isto é, teremos que contar com a esquerda portuguesa para encontrar uma solução que não envolva dinheiro alemão ou europeu".

9 comentários:

  1. É cristalino, é. O João Miranda também não sabe se deve, ou não, levar a sério a “historinha”. É duro ser tomado por ingénuo, após ter andado a pregar o contrário. Então, faz figura de artista de circo pobre. Como fuga para a frente e para não falar desta crise e das suas causas, sem perder a face, faz cenários sobre “a próxima bancarrota”. Ora pois não, senhor João Miranda, quando os bancos emprestram com garantias, não precisam que depois os resgatem, de modos que se uma próxima bancarrota dos estados for da culpa destes, os bancos não se empenham tanto em esmifrar-nos, com a ajuda de oficiais de execução como a Merkel. Ah, o João Miranda pensa que infantiliza o adversário ao dizer que a esquerda acha os alemães mauzões. Isto reverte-se facilmente. Podem ser, ou não, mauzões, o que não são é parvos.

    Isto dá um diálogo entre o seinfeld e aquele seu amigo aparvalhado:
    - foste tu que tiveste a culpa!
    - Eh, não fui não..
    - Ah, mas quando tiveres a culpa, estás lixado!
    - Pois, tenho de te dar razão.
    - Apanhei-te!

    Já agora, não são do interesse de ninguém, seja à esquerda seja à direita, as crises nos estados , falência incluída, e é por se saber isso que foi criado o FMI, Banco Mundial, capacetes azuis da ONU, etc, instituições que não tem paralelo nas crises familiares, porque estas não provocam um tsunami comparável. Acima da esquerda e da direita, a pairar, estão os neo-pós-liberais, um povo que vive para lá do sistema solar, que nos faz visitas demoradas mas que não faz o reconhecimento diplomático dos estados terrestres.

    caramelo

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  2. Na próxima quem sofrerá perdas directas, pois recapitalizaram os bancos de forma indirecta, que entretanto venderam as OTs que tinham, com o resgate serão os contribuintes dos países credores e os portugueses pois como de depreende daqui http://www.igcp.pt/fotos/editor2/2014/Apresentacao_Investidores/IGCP_Investors_02Maio2014.pdf , da página 62 em diante, os detentores de dívida são sobretudo nacionais (bancos) e os credores da troika. Escusado será dizer que, em caso de reestruturação de dívida, os bancos terão de ser recapitalizados...

    Como o Filipe não confia em agraciados com o prémio Goldman Sachs, deduzo que também não confie em advogados que representam devedores soberanos. Apesar disso Lee Buchheit é a sumidade das reestruturações de dívida pública, ou se quiser um especialista em falências de Estados. Entre a lista de clientes tem Argentina, Islândia, Grécia http://www.reuters.com/article/2012/05/23/us-sovereign-buchheit-idUSBRE84M07N20120523

    A solução que ele propõe para o monte de dívida da periferia europeia não é exactamente aquela que o consenso europeu defende http://papers.ssrn.com/sol3/papers.cfm?abstract_id=2158850 .

    Como escrevei num post anterior é preciso deixar assentar a poeira que o casino ainda não fechou e veremos se o Deus ex machina, compra de activos pelo BCE, arranca.

    Entretanto, em termos de dívida, quem ajusta são sobretudo as famílias https://twitter.com/P_S_G/status/464687881148440577

    Escusado será dizer que, espero estar rotundamente enganado e desejo que a saída seja limpa e não um mero intervalo entre resgates...

    Leitor

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  3. Síndrome de Estocolmo
    Quatro anos disto e só agora perceberam o óbvio! Só não percebo é se o Filipe concorda om o uso que o blasfemo faz da palavra "ajuda".

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  4. O que eu sei foi o que uma ez perguntei ao caramelo quando ele disse certa vez que nos anos 80-90 enriquecemos: como? prodzindo o quê?
    Ou seja, até por defeito profissional, compreendo que até à data somos pobres, não temos jazidas nem indústria coreana.É a realidade, tramada, mas a realidade.Com ou sem bancos alemães.
    Dito isto podemos melhorar, há muito a fazer para evitar os desmandos de uma clique parasitária ( BPNs, FSE, etc), mas vai demorar.

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  5. Eu disse que enriquecemos? Devo ter dito que a nossa vida melhorou, mesmo em termos materiais, sim. Vamos agora fazer a indexação do bem estar à produtividade? Faça-se de vez, de forma clara. Uma instituição de ensino algarvia até já celebra uns contratos de trabalho originais com os seus trabalhadores: quando há serviço, recebem, quando não há, não recebem. Diz o patrão que não há queixas. Claro que não. A contratação colectiva, de qualquer forma, parece ser uma figura em rápida extinção, acompanhando, aliás, a decadência moral do sindicalismo (ouviste o Miguel Macedo? Não picas o ponto na oficina, como ousas dizer que és representante de trabalhadores?)
    Mas de facto estou é um bocado farto de ouvir falar na "realidade". Qual realidade? a realidade é que nos andam a tramar e já é tempo de se deixar de utilizar o BPN e o FSE, e não esquecer o RSI a quem come bolos na pastelaria, como álibi para isso. Prendam os do BPN, mandem devolver os fundos da formação, mas não nos lixem. Ou, em alternativa, declare-se de vez inimputáveis estes que agora nos governam e a troika e os bancos e proclame-se "Sim, chegámos a este ponto porque andámos todos a gastar à maluca nos anos 80/90".

    caramelo

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    Respostas
    1. ora:

      Aconteceu que, de um dia para o outro, o pais enriqueceu e o consumo democratizou-se. As pessoas vestem todas bem e todas compram os mesmos eletrodomésticos. Começaram a ganhar mais, compraram. Perante o crédito barato para comprar casa, compraram, uma opção perfeitamente racional, mesmo em termos de investimento.

      aqui:
      http://declinioqueda.wordpress.com/2013/09/03/estranho/

      sou lixado, eu sei eheheheh

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    2. Essa é que foi uma discussão épica. Não me tramas nada, é aquilo e aquilo mesmo. Eu quando começo a asneirar, insisto até ao fim na asneira. Eu não disse que descobrimos petróleo no beato; o pais era rico é quando tinha as colónias, onde havia isso e muito mais. A partir de uma certa altura, um gajo que não produzia um chavo ainda assim tinha rendimentos, não ia pedir esmola, o que não apenas dinamiza a economia, como enriquece pessoalmente a cabeça de uma pessoa. Estamos a falar de modelos de sociedade, não numa reunião de conselho de administração de uma empresa, o que não significa que na gestão das coisas públicas não se devam aplicar também regras de boa gestão, como nas famílias, claro.

      caramelo

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  6. Se não envolvesse dinheiro do "exterior" quereria significar que os deficits do Estado eram sustentados por excedentes da poupança nacional, uma coisa assim à japonesa!! Nesse caso seria excelente, não haveria necessidade de salvação!!
    Se tivéssemos uma industria coreana, para 10 milhões, estaríamos exactamente a discutir a melhor forma de precaver o pagamento dos empréstimos que havíamos concedido e onde aplicar os excedentes do que vamos produzindo!!
    Simultaneamente a execrar os "alucinados" que inventaram o conceito de mutualização da dívida e quejandos!!

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  7. Não são precisas jazidas, África que o diga; preciso é
    insistir no controlo democrático da economia capitalista e na vontade e coragem de o exercer e isto não é marxismo. Ainda que seja necessário, circunstancialmente, votar marxista...

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