segunda-feira, 31 de março de 2014

Vilafrancada

O milagre: à volta  da extrema-esquerda ( Bloco, PCP, Livre, MAS, 3D, PCTP-MRPP etc) agregaram-se os moderados ( psd's-ML, sócraticos, conservadores etc),  que ainda ontem nos garantiam a sublevação, a revolução,  um segundo resgate e o evidente fim antecipado da legislatura. Pelo meio culpam os jornalistas pelo facto de as previsões não se terem verificado e brandem um argumento de autoridade moral.
Esta notável caldeirada  preditivo-acusatória  terminou num manifesto. Não se pode pedir mais.

Visão de futuro ( sem Manifesto) em 2005

Paulo Pedroso ( Fernanda Câncio  defendeu o mesmo) : o problema da natalidade  é um falso problema e os imigrantes  tratarão dele.
Pois, assunto aborrecido. Faz lembrar mulheres escravizadas pelas gravidezes, mamas flácidas etc.

domingo, 30 de março de 2014

Sem pernas

Um boxer. No Depressão Colectiva.

Campos


Repare-se neste texto. O que o Bloco dizia em 2009 é o mesmo que diz hoje. Pensamento revolucionário europeu, luta anti-globalização, previsão de confronto social, interrogar o mundo todo" etc. O PCP, 2006, num assunto específico: o discurso é hoje o mesmo, seja na saúde, nos transportes, nos CTT, etc. Podia continuar indefinidamente.
O ponto é este: por que motivo  o tal consenso do Manifesto dos 74 abrange a extrema-esquerda, sendo que o documento é muito mais, como dizem os susbcritores, do que uma proposta de política económica, é uma visão de futuro para o país? A teoria da trincheira moral  cai por terra porque o manifesto, repito, é ( supostamente) muito mais do que uma solução financeira  conjuntural.
Podemos  calcular que Ferreira Leite, Bagão Félix, Pacheco Pereira e outros,  passaram a partilhar do dasein luso-zizeckiano, mas não parece nada razoável. A alternativa é usar uma grelha política no sentido do campo político
Bourdieu fornece os meios. O campo político é um dos campos que  tem como finalidade impôr a visão legítima do mundo social, definindo a acção política como a manipulação  necessária para impor essa visão. Bourdieu ocupa-se ( Razões Práticas, ed.port Celta 1997) precisamente das pessoas que estão em posições opostas em quase  todos os  campos, mas que podem acordar num. O acordo tácito  ( escondido refere Bourdieu) é sobre aquilo pelo qual vale a pena  lutar. A illusio ( que Bourdieu chega a querer mudar para líbido...) mostra o espírito de campo: não entra aqui ninguém  que não seja geómetra.
Podemos, portanto, esboçar uma hipótese. A visão do futuro para Portugal pode ser partilhada por revolucionários  e ex-cavaquistas, porque existe uma  illusio sobre a mudança social que a troika e o governo estão a impôr, mas também porque essa illusio contabiliza aspectos puramente tácticos, pessoais e de corpo. É por causa destes aspectos que ex-cavaquistas, que assassinaram a alternativa proposta por Sócrates e por uma  esquerda dita moderada,  partilham agora, looping the loop,   a mundivisão expressa em textos do Bloco ( 2009) e do PCP ( 2006). 

sábado, 29 de março de 2014

Méritos

O voz de zorra acha* que devia lá estar outro.Talvez, mas não estes, cujo lugar, à luz  da bola que não jogam, devia , pelo menos ser  o quinto ( e para clube que não é da fruta, o Adrien bye-bye-Brasil safa-se muito bem a distribuir).

* o Leonardo desmente o voz de zorra: temos homem.

Números

Não há volta  a dar, o RASI  é claro: o povo não saqueou as lojas nem os vizinhos.
Quanto à manipulação de números, não se façam de donzelas.

sexta-feira, 28 de março de 2014

"I'm glad to be back, though not on your side"


A senhora da foto ( Bayreuth, 1936) é Unity Mitford, filha do barão de Redesdale. Uma história fabulosa, sobretudo o facto de a senhora ter supostamente sido concebida em Swastika, uma cidadezinha  canadiana, e a irmã Jessica, comunista, ter nascido no ano da revolução russa.
Quando regressou a Inglaterra, em 1940 - depois de ter recuperado, da bala que enfiou na cabeça,  num hospital suiço -  respondeu aos jornalistas sobre as acusações de traição: "I'm glad to be back, though not on your side".

( mais fotos aqui, biografia aqui)

Belíssimo


Mais um

Prego no caixão do métarécit Aula Magna ( o povo ia saquear as lojas, as casas dos ricos, os vizinhos).

Benfiquista joke

O governo está a precisar de um Pal Csernai.

Dar a cara

E uma grande regra. No Depressão Colectiva.

quinta-feira, 27 de março de 2014

Kebab jihad

Com salero.

A grande sonsa ataca de novo

Ana Lourenço, há pouco, na SIC-N, entrevistou Pedro Silva Pereira. Em vez de lhe perguntar como é que um socrático aceitou  um lugar na lista do vergonhoso Tó Zé, preferiu isto: A direcção do PS  quis  afastar uma voz incómoda?
Ou seja, Silva Pereira, coitadinho, recebeu ordem de marcha de Ivan-Seguro-o Terrível para ficar calado  a lavar pratos em Estrasburgo.
Ainda bem que, vindo tarde da clínica, só jantei uma sopinha.

Raiva, raiva...

Causou isto.

quarta-feira, 26 de março de 2014

Cabeça fria

Fernanda Câncio tem toda  a razão:

"imagine-se, por exemplo, que no quadratura do círculo carlos andrade resolvia 'entrevistar' costa sobre o seu consulado como presidente da câmara ou pacheco pereira sobre o tudo e o seu contrário que já defendeu desde que a gente o conhece. ou ana lourenço virar-se para louçã e começar a interpelá-lo sobre o be pós dito, a solução bicéfala que lá impôs, etc, em vez de o ouvir sobre os temas que este preparou para o comentário? ou maria joão ruela confrontar marques mendes com as críticas que fez à linha de redução do défice do governo de sócrates, quando agora é todo austeritário, e levar um dossier de declarações dele de quando foi presidente do psd e levar o tempo todo a citar-lhas? toda a gente acharia estapafúrdio e sem sentido, não era? "

Sócrates, com os seus defeitos,  é o único político de massa real que produzimos desde os históricos ( Soares, Sá Carneiro, Cunhal). É o único que não tem medo de ser odiado.

Não escavem muito...

Ou encontram surpresas.

Pobreza, mas de pensamento


Não sei se estamos condenados a empobrecer ( desde que perdemos Malaca tem sido sempre a descer), mas no plano intelectual a coisa não está famosa. Falo do intelectual sobremoderno  como Said o descreve: entre  a academia e os media, produtor de um discurso inovador sem medo de intervir no presente. Se quiserem  exemplos, Aron, Bobbio  ou Eduardo Prado Coelho.
 Uma tralha pós-leninista e pós-maoísta sobrevive pendurada em Zizeck, que substituiu Chomsky, Debord  e Deleuze ( que tinham substituído Sartre) no coração dos orfãos de Hoxa e Mao ( Edward Said não passou, infelizmente,  em Portugal dos portões das universidades). Ocasionalmente, ressuscitam Bataille, ignoram Levinas e não ligam pevide  a Blanchot ( claro).
No outro extremo do espectro, chafurda-se em Mises, Kristol, Himmelfarb ( Berlin menos, para pena minha), geralmente sob  a batuta do prof.Espada, repetindo sem vergonha textos que qualquer pessoa com cartão da Amazon conhece de cor e salteado. Encontramo-los em revistas clandestinas, projectos online, blogues, oscilando entre o plágio e o pueril.
Algumas excepções se foram produzindo. José Gil, Pacheco Pereira ( dos primeiros livros), Carrilho ( no estilo pavão), Pulido Valente, Barreto ( pomposo), poucas mais. Muitos não saem do armário: Tunhas, Fernando Gil ( já não sairá), Barrento. A dificuldade é sempre a mesma: encontrar o tom certo entre a academia e a intervenção.
Pelo contrário, a ponte entre o consumidor e o pensamento é feita por bonecos políticos. O espectáculo é garantido, o vazio quem mais ordena. Os bonecos da Contra-Reflexão são muitos. Dos analistas televisivos ( Marcelo, Mendes, Rosas, Bagão etc) aos descartáveis ( os proletários dos debates de cinco minutos), passando pelas vozes de facção ( António Costa, Pacheco Pereira, Louçã, RaquelVarela etc).

Enternecedora

Esta vocação  de serviço europeu dos nossos políticos:
"Nunca neguei que gostaria de desempenhar essa função, portanto, vou dar o melhor de mim próprio", declarou". 

segunda-feira, 24 de março de 2014

Coitado



Em bom rigor, não é o único. O tacticismo,  a raiva e vaidade têm produzido quantidade apreciável de troca-tintas.
Começou por um PM que desdisse tudo quanto disse em campanha e com Portas a elogiar o Magalhães e o amigo Maduro, continuou com a oposição interna a Passos agora associada a Louçã e quejandos, e incomodada com a blogosfera e o fim dos argumentos de autoridade, e não terminará  em Sócrates.

Batalha de almofadas

"Não era uma democracia e Salazar nunca o prometeu nem o vendeu a ninguém – pelo contrário, sempre se afirmou abertamente contra o sistema democrático com muitas e sérias razões teóricas a sustentá-lo".

Seria refrescante  que o soldado não se escondesse atrás de Salazar e nos dissesse quais as muitas e sérias razões teóricas.

A preguiça, o desleixo

Não sabia que  ainda havia intelectuais de esquerda a repetir  a ladainha -  do tempo das vendas, dos enganados, da falta de informação etc - do nacionalismo como bandeira da direita.

Amor é ( V)

Ela não lhe exigir nada, dar-lhe  a entender tudo.

domingo, 23 de março de 2014

Do perigo

No Depressão Colectiva.

Socialismo de vinha d'alhos

"Hoje não escreveria o  prefácio do livro de João Rendeiro".

"Não me arrependo de ter escrito o prefácio do livro de João Rendeiro".

O pequeno milagre



Num grande consenso, gizado pelo PCP, trupes maoístas e marxistas instântaneos, resolvemos   sair à pressa de Angola e Moçambique. A descolonização não tinha de implicar a destruição, mas implicou. Melo Antunes, lucidíssimo, explicou que os países ficam independentes para o bem e para o mal, mas reconheceu que a cooperação podia, e devia, ter sido maior.
Daí resultou que Portugal recebeu, no espaço  de meses, quase dez  por cento da sua população, sem uma explosão social, diz  Almeida Santos: foi um pequeno milagre ( do PS para a esquerda pode fazer-se estas alusões religiosas  sem receber chacota).
Não, não foi. Como não é agora um pequeno milagre que o país  se tenha marimbado para os apelos à revolução, à sublevação  e ao caos. Hoje, como ontem, pagamos as asneiras contínuas de governantes que reinaram como os condes polacos nas vésperas da Primeira Grande Guerra: nus debaixo dos casacos de vison. E pagamos com a solidariedade,  a força e a temperança   que faltou a quem nos espetou a conta.

Amor é ( IV)

Pensar que se ela fosse  melhor, seria de mais para ti.

sábado, 22 de março de 2014

O futuro é negro


Não retiro uma vírgula ao que fui escrevendo na série Benfica- a hora negra ( os dois primeiros  números são os mais evidentes) , antes pelo contrário: acrescento. Sei que estamos à beira de ganhar o título e eliminámos o Tottenham ( à rasca, com esgotados em campo...) Óptima altura para a vergastada. Quem quiser ler palúrdios que se atiram ao Jesus quando  perdemos e se deliciam  com o Zé Broncas quando ganhamos (e repetem este sapateado vezes sem conta) pode  ir petiscar para outras freguesias, há muitas dessas.
O episódio com Tim Sherwood é irrelevante. Zé Broncas é Zé Broncas, tem uma enorme colecção de episódios ao vivo e a cores, nem se pode falar de  um momento infeliz. Os empurrões ao Shéu também são irrelevantes. Quem já sacou contratos milionários ao Benfica, enquanto papava taças da Liga,  por causa do fantasma do FCP, quem vomitou em cima da formação, quem entregou um título só para não admitir que Roberto era um frangueiro, é natural que empurre o Shéu. Para o Zé Broncas, ser o Shéu ou o Manel é igual. 
Já mais fino  foi o traço de personalidade que o Zé Boncas nos recordou. Primeiro disse que não fez nada, depois que estava a a fazer o número 3 do Luisão e só depois, estatelado nas evidências, admitiu o que fez e não pediu desculpa. Ou seja, o Zé Broncas acha-nos tão limitados como ele, tão desdenhosos do Benfica como ele.
Se formos  campeões este ano  contra a formação do Sporting e mais um treinador inexperiente do FCP é extraordinário? Claro que não. E o pior é que o Zé Broncas se vai sentir autorizado para mais uma época de asneiras, como aconteceu depois do único título. O episódio Melgarejo é o exemplo acabado. Gastando milhões em avançados e médios, adaptou o paraguaio. Só nós, os burros, é que não víamos  que estava ali mais um Coentrão. Acabada a época, o novo Coentrão foi vendido a um obscuro clube turco. E pronto.
Dizem que o Zé Broncas aprendeu. Por exemplo, já sabe fazer a rotação do plantel e arranjou laterais ( sorrio  neste ponto, os meus poucos leitores sabem porquê). É, de facto,   fabuloso, que um génio do futebol com quase 60 anos tenha precisado de três anos a ver navios para aprender o básico.

sexta-feira, 21 de março de 2014

O complexo de Shylock


Em 2011, antes, agora, depois.
Os jornalistas pegam nisto pela rama. Estão bem treinados na cultura do arco da governação.
Por exemplo, seria  estimulante uma investigação sobre pequenos escritórios de advocacia que se tornaram enormes, e passaram a  especializar-se  noutras áreas,  depois  de um dos seu associados ter passado  por S.Bento.
Também seria revigorante saber qual a parte  dos inestimáveis serviços prestados pelas grandes sociedades de advocacia que não poderia ter sido feita pelos serviços jurídicos  dos organsimos públicos  e ministérios.
O negócio dos pareceres jurídicos ficaria para depois...

quinta-feira, 20 de março de 2014

Amor é (III)

Quando nasce o bebé, confiar que ela volta ao normal.

Incompreensível

Que de um avião  desaparecido na Malásia  esperemos novas durante  umas semanas, é estranho, mas ainda escapa.
Que do sobrevivente da tragédia do Meco ainda não tenhamos, três meses depois, uma explicação, é obsceno. Prendam-se os praxistas e os docentes encobridores e  feche-se aquela coisa dita universitária até sabermos o que aconteceu.

Os passarinhos da primavera

No Depressão Colectiva

terça-feira, 18 de março de 2014

Nem uma palavra

Tantas indignações ( com sindicalistas, manifestistas, esquerdistas, jornalistas, juristas), mas nem uma palavra sobre o anunciado branqueamento dos banqueiros.
Assim se faz moral em Portugal.

Qual consciência?

O Carlos  Azevedo pergunta quanto vale a consciência de Teresa Caeiro. A política, nada, claro.
Se bem me lembro, o Carlos é admirador de Gasset. Trago-lhe então um pequeno artigo - Hombres o Ideas?  ( 1908), no qual Gasset discorre sobre o idealismo na política partindo de um axioma hegeliano:  a verdade só pode existir  sob a tutela de um sistema.

Realistas depressivos

Flaubert dizia que a forma sai do fundo como o calor do fogo.
Parece que seria suposto o país estar melhor depois de três  anos de apertões monumentais ( excepto para os que se iam pirar e, claro,  não se piraram). 
O povo  sabe mais  do que os jornalistas e os analistas. Ao responder que a austeridade está para durar, as pessoas dizem claramente o que pensam sobre os remédios milagrosos que lhes anunciam. Ao responder que julgam a austeridade como estão a dar uma grande novidade aos feiticeiros, não é?

Ora pois

Vai ser feito  um rigoroso inquérito. Em alternativa, o episódio aparecerá relatado  daqui uns anos num qualquer livro ( enfim...) e em kindle.
Em Little Italy as instâncias judiciais são muito modernas.

domingo, 16 de março de 2014

PR não é public relations

Uma lagartixa  a lançar  a candidatura a jacaré.

Gerações, poder e essencialismo


 

O problema do essencialismo é que extirpa os sujeitos e os grupos  da sua identidade: é uma não-inscrição ao serviço de categorias do poder longamente instaladas.
Dois exemplos. Vi escrito sobre as praxes  que são todas abjectas e  os estudantes que as praticam todos uns acéfalos. Sem  sair do  meu bairro conheço um par de miúdos que  têm excelentes notas em cursos  de ciência pura,  já compram russsos e  ensaios do Humberto Eco que nunca li  e que, tendo participado nessas idiotias, jamais humilharam alguém.  "As pessoas prefrem o subsídio ao trabalho": quando ouço as pessoas,  compreendo a salvaguada das excepções ( como nos estudantes) mas essa salvaguarda é uma esmola que garante  a fidelidade da representação essencial.
No Público, no mesmo dia, Pulido Valente  intitulava a sua crónica de A brigada do reumático, enquanto Pacheco Pereira vociferava contra  os novos que ousam criticar um  Manuel Porto ( sic)  ou um  Bagão Félix. VPV sabe que  há subscritores com metade da idade dele, Pacheco Pereira arruma todos os que defendem  o governo no curral dos rapazolas  sem mundo.   Na televisão, por exemplo, Constança Cunha e Sá costuma dizer uma moça ou um rapaz de cada vez que se refere a deputados do PSD e do CDS. O que está em causa é usar o argumento geracional para definir a relação de poder. Como sempre esteve.
Salman Rushdie descrevia o essencialismo como a filha respeitável do exotismo fora de moda, querendo com isso dizer que tudo - fontes, estilo, forma, linguagem, símbolo - deriva de uma suposta homogeneidade e da inquebrantável tradição. No nosso caso, a tradição e a homogeneidade estão bem à vista e são dificilmente  separadas.

a) A tradição:
Alexandre Soares dos Santos, Isabel Jonet, César  das Neves, António Borges. Sempre que até agora abriram a boca, portanto, deram  a sua opinião ( Borges não dará mais),  não foram criticados: foi sugerida a lapidação, o enforcamento e foram feitas todas as referências possíveis às respectivas mães. Não me recordo de ler JPP,  num artigo de página inteira, preocupado com insolência fascizante  dos  miúdos anarcas ou dos trolls das blogosfera. É da tradição que sem a patine socialista-revolucionária ( mais ou menos actualizada, por capricho ou táctica), só vive o lixo.
 Pulido Valente fez também a sua escola, imortalizada no desprezo pelos meias-brancas: sem a tradição académica, sem uma biblioteca herdada dos pais, numa palavra, sem berço, os actores políticos são simples  caboucos incapazes de articular uma ideia ( para utilizar uma expressão essencialista tão do agrado de VPV).

b) A homogeneidade:
As ruling classes político-mediáticas, ex-políticos comentadores de forma geral, ressentem-se do aparecimento de novas inscrições. Tendo feito a vida activa ( política) no regime pós-74, herdaram desse tempo a desenvoltura da palavra que não se discute bem como a velha pele do argumento de autoridade. A gravitas do cargo/título  e o passado anti-fascista são categorias postas em causa na nova desordem comunicacional. Daí a  irritação com as redes sociais, sobretudo com a blogosfera, recorrendo, de novo, à representação essencialista: é tudo uma porcaria.
Inacapazes de controlar a nova desordem comunicacional, resta-lhes o último argumento ( JPP e VPV juntam-se): evocar o fantasma  da ditadura.  Como os relógios parados  acertam duas vezes por dia...



A bem da verdade desportiva

Bruno de Carvalho exige que sejam retirados três  pontos ao Sporting e põe Proença em tribunal.
Quanto ao resto, vi uma equipa fresca  e outra estoirada.

sábado, 15 de março de 2014

sexta-feira, 14 de março de 2014

Começou a caça às bruxas

E de que maneira? A da estupidez raivosa: uma lésbica ou um gay têm de ser a favor da co-adopção.

Almirante style

Ler/ouvir  e divulgar.
Gosto pouco de ser sequestrado por espertalhões pré-eleitorais.

Agora sim

Caiu a máscara. Estão falidos e aflitos, tão aflitos que até conseguem culpar os árbitros pelo estertor a que chegaram  no ano passado, estertor esse, disse Bruno de Carvalho na altura, culpa das anteriores direcções que  deviam  ser levadas a tribunal  ( ou linchadas, não me recordo bem).
Já ninguém os levará  a sério.

Os ingénuos

Seria interessante  saber o que disseram   muitos dos 70 na altura da proposta do PCP. Não me recordo  de nenhum apoio.
A ingenuidade é nossa. Julgamos que a politiquice acabou, que no  lado do governo habita  uma jolda tenebrosa e no outro só florescem anjos desinteressados dos calendários eleitorais.

Depende de qual Jesus

Não é?

Lóbi gay

 A TSF rói as unhas e até repete o "que ninguém falte":
No PS, pode haver outra vez algumas abstenções, mas há liberdade de voto. Ninguém arrisca certezas sobre os resultados. Certo é que foram dadas instruções em todas as bancadas para que ninguém falte à votação desta sexta-feira, porque, desta vez, um único voto pode mesmo fazer a diferença.

Repare na diferença.

Claro que há lóbi gay, mas ainda não saiu do armário ( só há lóbis dos grandes interesses, dos bancos etc).

quinta-feira, 13 de março de 2014

Das mortes

No Depressão Colectiva

Muito bem

A manha  e as desculpas esfarrapadas fazem o seu caminho.
Não há por aí um manifesto que dá o exemplo da Alemanha  do pós-guerra?

Enriquecimento lícito

Quantos professores de direito, dos que produzem pareceres jurídicos pagos a peso de ouro à semana, se queixam da  justiça para ricos ao fim de semana?

A vietnamização portuguesa

"In accordance with that declaration, and in response to your request, we are prepared to help the Republic of Vietnam to protect its people and to preserve its independence. We shall promptly increase our assistance to your defense effort as well as help relieve the destruction of the floods which you describe. I have already given the orders to get these programs underway".

Excerto de uma carta de Kennedy a  Ngo Dinh Diem ( 14 Dezembro de 1961). Desde 1974, altura em que passámos  a poder decidir do nosso destino,  temos sofrido uma  vietnamização. Quem é vietnamófilo ( pós 45, claro, porque antes também existe muita e boa História) sabe que a vietnamization  foi oficialmente  obra de Nixon, mas quando lemos o material  de JFK (e de Johnson), percebemos que vinha de trás. E o que vinha de trás  era uma assistência permanente ao Vietname do Sul para fazer o que ele, e só ele,  devia fazer. Mais, sabemos como a história acabou: muito mal para Saigão. Aliás, a vietnamização só  foi assumida quando Nixon , entre mandatos, começou a abandonar Thieu e a querer sair do imbróglio.
O FMI assistiu-nos em 1977 e 1983, depois a UE assistiu-nos nos anos  80 e 90, a troika voltou a assistir-nos em 2011. Ou seja, somos permanentemente assistidos para resolver problemas que deveríamos ser  nós a confrontar e resolver.
Podem  inventar papões alemães, podem culpar o capitalismo mundial, podem dizer o que quiserem: os factos são os factos. É para mim muito estranha essa espécie de patriotismo que consiste em enganar as pessoas  de forma continuada, seja por cálculo político, revanchismo ou puro interesse pessoal.

quarta-feira, 12 de março de 2014

Dragões e papagaios


É, dizem, a mais  vital questão da vida política portuguesa, mas leio por aí que Cavaco deve aceitar que os seus conselheiros tenham uma opinião  completamente  oposta à sua. Caso contrário é antidemocrático. Bem sintetiza, em mais  uma alicantina memorável,  Constança Cunha e Sá: os assessores não são papagaios.
Em boa hora vos digo: é ópera, é da boa e é de borla.

Obviamente

Subscrevo.

O campo político um bocadito largo

O que é fascinante é como  Louçã, Ferreira Leite, Boaventura S. Santos,  Bagão Félix etc,  têm a mesma opinião acerca da forma como se deve reestruturar a dívida.
E eu que andei este tempo todo a ouvir os analistas assegurar que esta austeridade é ideológica e que a alternativa seria sempre no campo político.

segunda-feira, 10 de março de 2014

Coitus interruptus calimerensis

"Considerou que não se quer desculpar com o passado mas não deixou de insistir no “cenário muito mau”  ou “situação muito complicada” que herdou, dizendo ainda que o sistema que vigorava no Sporting era mais difícil de ultrapassar do que o do futebol português".

Tiveram uma erecção enquanto o Montero acertou com a baliza,  agora  "não são campeões  há muitos anos por causa dos árbitros".

O massacre de Zawadka Morochowska

Sim, um massacre  de ucranianos por polacos, sim,  a colaboração da OUN ( Organização  dos Ucranianos Nacionalistas) com os nazis, sim , muita História e muita confusão. Depois de  45, sobretudo muita pata russa.
Não vos maço mais, até porque  existem muitos especialistas ucranianos, mas nem isso me preparou para ler Daniel Oliveira a exigir um atestado de bom comportamento  a manifestantes que querem tomar os destinos  do  seu país  nas suas mãos ( tipo 3D). Talvez o vejamos, na próxima manif, de caderninho na mão, diante da AR a fazer a ficha dos manifestantes, talvez ao lado de um polícia. E de um cão. Pensando melhor, de um binómio cinotécnico.

Risota

António Costa, o ungido, contratado pelo Correio da Manhã, o pasquim,
Ele há por aí agora  muito maduro com a boca arrebentada.

Não esquecer

Nunca. Por cá são pela liberdade,  obscenamente moralistas, como os padres pedófilos que  mandam penitenciar os pecadores confessos.
Claro que isto só  pode acontecer num tempo de hipervigilância das palavras, no qual o mínimo desvio sexista, racista ou  outro ista, é de imediato decapitado, porque os media são de uma complacência arrepiante. Como sempre foram, de resto.

domingo, 9 de março de 2014

Angola y cubanos

Estamos sempre a aprender. Na ressaca do 25 de Abril, conta Rosa Coutinho, houve um maduro que quis fazer de Angola  uma monarquia: Pompílio da Cruz ( que depois  foi candidato à Presidência da República).
Hoje são os angolanos a ir para Cuba.

A "extrema-direita" contra os ciganos

Óptimos a esconder, com a cumplicidade habitual  dos media, que a perseguição aos ciganos esteve sempre  longe de ser um assunto dos "neonazis". A política checa de esterilização foi particularmente bem sucedida.


zechoslovakia enforced the most drastic measures to stem Rom population growth by lowering the birth rate. Beginning in the early 1970s, government social workers encouraged Rom women to have government-paid sterilization by offering them monetary bonuses during economic crises. In addition, some women were sterilized without their consent after undergoing cesarean sections or abortions; there are cases of women in their twenties with one child who have undergone sterilizations without their consent. A - See more at: http://www.culturalsurvival.org/publications/cultural-survival-quarterly/albania/persecution-and-politicization-roma-gypsies-eastern#sthash.t4kO2DqK.dpuf
Czechoslovakia enforced the most drastic measures to stem Rom population growth by lowering the birth rate. Beginning in the early 1970s, government social workers encouraged Rom women to have government-paid sterilization by offering them monetary bonuses during economic crises. In addition, some women were sterilized without their consent after undergoing cesarean sections or abortions; there are cases of women in their twenties with one child who have undergone sterilizations without their consent. - See more at: http://www.culturalsurvival.org/publications/cultural-survival-quarterly/albania/persecution-and-politicization-roma-gypsies-eastern#sthash.t4kO2DqK.dpuf
Czechoslovakia enforced the most drastic measures to stem Rom population growth by lowering the birth rate. Beginning in the early 1970s, government social workers encouraged Rom women to have government-paid sterilization by offering them monetary bonuses during economic crises. In addition, some women were sterilized without their consent after undergoing cesarean sections or abortions; there are cases of women in their twenties with one child who have undergone sterilizations without their consent. - See more at: http://www.culturalsurvival.org/publications/cultural-survival-quarterly/albania/persecution-and-politicization-roma-gypsies-eastern#sthash.t4kO2DqK.dpuf

sábado, 8 de março de 2014

Dossier Pelicano

Sobe à Relação, baixa à primeira, sobe outra vez, não sou competente, sou competente, já cá não estou,  vai ver se chove.

Sexismo, racismo, estereótipos e outras azeitonas


Estou espantado por esta moça não ter sido ainda obrigada  a mudar de nome. 
Mamona é uma herança neocolonial estigmatizadora da imago feminina, inaceitável porque devedora da segregação rácica portuguesa acobertada no marialvismo e na  cultura  do espéctaculo imperialista. Quiçá, diriam Pacheco e Soares, responsabilidade deste governo cheio de retornados ressabiados sem biografia nem respeito pelas pessoas.
Por que motivo a Patrícia não tem direito a  um nom de plume como as outras ( Lopes, Teixeira etc)?

Também

Muito enchem a boca com a liberdade, mas é sempre, sempre assim.
Seja qual for o suporte,  estes  ditos libertários , tenho-o aprendido, até em situações insuspeitas,  ficam com varíola se expostos  à opinião adversa.

Como?



Seria interessante perguntar a este maduro, cavaleiro da democracia, o que pensa sobre as actividades dos  anfitriões de Snowden em vez de nos  fazer de parvos.

sexta-feira, 7 de março de 2014

quinta-feira, 6 de março de 2014

Sociologia da raiva

"Crítico feroz da sociedade espanhola, dizia o que pensava: «Es una tragedia de una horrorosa sordidez en la que al proletariado, tras 40 años sin ideología, no le queda más que la picaresca. Eso es España. Éste es un país de sudorosos obsesionados con el fútbol y con los toros por culpa de la represión sexual. Son tan machos... [...]»

É, deve ser isso.  Se fossem todos bissexuais ou gays já não gostavam de futebol nem de toros.

A mentira


Num canal de TV, um sindicalista polícia repete, perante  a indiferença da entrevistadora e de Fernando Negrão:" São só os funcionários  públicos e os pensionistas a pagar a crise". É incrível como esta hubris fez  seu caminho  ao ponto de se tornar uma verdade auto-evidente.
Todas as semanas tenho em consulta  empregados - de oficinas, de escritórios de contabilidade, de restaurantes, de ginásios, enfim, de tudo quanto é empresa - que perderam o emprego. 
Perderam o emprego: qual das palavras é que a gente que descola da realidade não compreende?

Kim Philby versão XXI

Uma "médica"  analisa  os ferimentos  de bala e "assegura" que  os snipers  eram da oposição ao ex-presidente pró-russo. A srª Ashon está astonnished.
Por conseguinte, o novo regime  "está ferido na sua credibilidade", já papagueiam os media  ocidentais.

Simondon

Do tempo em que  a cultura não ( se) reconhecia  (n)a técnica. Também aqui para quem não conhece.
Pensando melhor, os drones e tal...




terça-feira, 4 de março de 2014

Perdidos


 No  excelente ( sempre que vejo pós-estalinistas escrever assim fico satisfeito) 5Dias,  um blogue onde  dão tiros nos pés e depois queixam-se de lhes  sobrar sapatos:


"Em Portugal também temos exemplos dessa hipocrisia. Duarte Marques, o mete-nojo ex-lider da JSD, foi a Kiev incitar à violência fascista. Para esta personagem as manifestações violentas e armadas protagonizadas pelos nazis em Kiev nunca receberam uma condenação, antes pelo contrário, o moço até se congratulou com o derrube de um governo eleito às mãos de uma turba violenta e armada. HIPÓCRITA!!! Lembram-se do que esta escumalha disse a propósito da manifestação de 14 de Novembro de 2012 onde meia dúzia de pedras foram atiradas à polícia? Lembram-se do que esta gente diz sempre que se fala em fazer cair o governo e convocar eleições antecipadas? Pois… esta gente é hipócrita e mente com todos os dentes que tem na boca. Não hesitam nem um segundo em romper a lei e promover a violência se isso lhes for benéfico… se controlam a lei atiram anátemas contra qualquer mínimo distúrbio ao regime em vigor".

Aceitar não é curar

No Depressão Colectiva.

Não é um "bar de praia"

Que está ameaçado, é o Pra Lá Caminha,que é muito diferente...

Seguro e o arraial

Grande parte da raiva contra Seguro, expelida pelo arraial -  socraticos e Aula Magna -, é da mesma natureza da expelida contra Cavaco. Se repararem bem, são as mesmas pessoas, nas mesmas tribunas   e a mesma premissa inicial: Seguro e Cavaco facilitam a vida ao governo.
O arraial  começou a assestar baterias na dupla Seguro/Cavaco só depois do esvaziamento do momentum das manifs. A ideia era simples: este governo não podia governar. E não me venham a com história  da política de austeridade para enganar tolinhos:  os socráticos entenderam sempre que este governo é usurpador da  grande sucessão de PEC's, os Aula Magna, como Soares e Pacheco  Pereira, descrevem o PSD como uma comandita mafiosa.
O arraial assegurou sempre que este governo não iria, não poderia chegar ao fim da legislatura. Por isso é que nunca se incomodaram  em apresentar  alternativas e odiaram tanto  que os interpelassem sobre as tais  alternativas. O importante, sob a capa do patriotismo de lágrima fácil, foi sempre assegurar o fracasso de Passos e Portas.
Quando Seguro tenta fazer diferente,  é desprezado  e tratado como o Forrest Gump da política portuguesa ( "o tolo que deu a mão ao governo"). Prevalece o sentimento de casta, o mesmo que, in illo tempore,  desprezou Cavaco.


segunda-feira, 3 de março de 2014

Blanchot, sempre

Noli me legere, é o  lema que Blanchot  explora no Aprés Coup.
Levinas explica:

Em todo o lado

O emplastro.

Já passou

Os simpáticos calimeros estão outra vez com a calimerite aguda. Tão sincronizados, parece ballet.
Arrumada a excruciante questão do atraso   de 1.46m do FCP, voltam aos apitos. O  efeito do monumental  banho de bola que levaram  há quinze  dias passou rápido.
Temos de organizar um particular ou assim.

domingo, 2 de março de 2014

Retrato de família



Endividámo-nos anos a fio, apanhámo-nos sem moeda própria  e num tempo de batoteiros internacionais   particularmente activos, afundámo-nos. Estamos, e continuaremos,  a pagar com língua de palmo. A partir daqui é só histeria e originalidades:

1) Uma maioria que  cumpriu o que tinha  a cumprir, mas que os inteligentes das esquerdas e franco-atiradores avulsos  cobriram de um manto de  intenções programático-ideológicas. Não há ali ideologia nenhuma, como se viu na transformação do partido do contribuinte em partido do IRS. Há, apenas, sobrevivência política.

2) O que nos leva à segunda  originalidade. Este PS, ou qualquer outro, se a maioria tivesse escorregado, apanhava as canas, o foquete, o CD do Quim Barreiros  e continuava a festa. A maioria ficou, este PS espera para fazer os acabamentos. Ou querem convencer-se de que o PS do Jorge Coelho  da Mota Engil, do risonho  dr. Vitorino, um dos  nossos  Pandolfinis, e  do Pina Moura da Iberdrola, é a esquerda da alternativa? Ide brincar ao lego.

3) Uma outra esquerda Aula Magna, que agrupa desde gente da campanha de Humberto Delgado a comediantes da MEO, encerrada nos restaurantes de Lisboa e em amizades de faculdade de Lisboa e para quem, literalmente, o resto do país é labregos e  paisagem. Por isso se ocupam furiosamente da mutilação genital feminina e do piropo ou fundam partidos e movimentos de cada vez que se zangam ao telefone. Na maior crise desde sempre ( palavras deles), exibem o peso político de um velho PCTP/MRPP constipado.  Está tudo dito.

4) Um PCP que, como numa ficção barata, apresenta caras novas com vícios velhos.
 Se lerem mesmo, em vez de ver apenas o filme, encontram a explicação dada pelo príncipe de Salina  a Chevalley : somos  ( os sicilianos ) velhos e não mudamos porque somos perfeitos.






Turquia

Enquanto outros lugares vão recebendo muita antenção, na Turquia  preparam-se lostras das grossas.
Já vimos este filme, sabemos  como acaba. Arrisco uma previsão: em menos de dois meses a coisa explode.

O Dragão de Ouro

Já não tem Sócrates nem os contribuintes para esfolar,  mas não dorme em serviço.

sábado, 1 de março de 2014

Política Parque Meyer

 "Depois, basta dizer meia dúzia de frases de índole social, triviais e desligadas do contexto actual, em particular desligadas da sua relação com a política do governo, para se passar a ser social democrata. Os pobres de facto tem costas largas na política, e servem para as lágrimas de circunstância". 

 Como, por exemplo, a barrosíssima frase "não faremos  uma  segunda ponte sobre o Tejo enquanto houver uma criança com fome". Nessa altura a política do PSD era séria, nada trivial, os pobres  tinham costas estreitas e Pacheco Pereira ainda  estava a empacotar  as coisas para ir para Paris.